Ventos anormais no Atlântico empurram aviões comerciais para velocidades supersónicas superiores a 1.300 km/h – mais rápidos do que a velocidade do som

Este fim de semana, vários passageiros de voos comerciais não ganharam para o susto depois de uma viagem ‘selvagem’, conforme ventos estranhos ‘empurravam’ os aviões para velocidades superiores à do som.

Há vários exemplos: o voo 22 de Virgin Atlantic Airways, o voo 292 da British Airways, o voo 216 da British Airways, o voo 64 da United Airlines e o voo 120 da American Airlines atingiram velocidades superiores a 1.300 km/h ao longo da corrente de jato – para efeitos de comparação, a velocidade de cruzeiro típica de um avião de passageiros é de aproximadamente 920 km/h.

A corrente de jato move-se de oeste para leste e pode reduzir o tempo de voo: no entanto, ao longo da viagem, há uma turbulência mais severa, alertaram os cientistas.

O Serviço Meteorológico Nacional dos EUA salientou que os ventos atingiram velocidades de 426 km/h, a cerca de 35 mil pés sobre Washington – a altitude a que voam os aviões.

“O lançamento do balão meteorológico desta noite detetou o segundo vento mais forte de nível superior registado na história local desde meados do século 20”, anunciou o Serviço Meteorológico Nacional de Baltimore e Washington, na rede social ‘X’.

Os fortes ventos permitiram aos aviões chegar ao seu destino cerca de 45 minutos antes do previsto, indicou o tabloide britânico ‘Daily Mail’. De acordo com uma passageira do voo 22 da Virgin Airways, a viagem “foi muito rápida”, mas que não “havia nada de diferente detetável na cabina”, salientando que nunca foi ligado o sinal de apertar os cintos de segurança.

A corrente de jato forma-se devido ao contraste entre o ar frio e denso nos polos e o ar quente e leve dos trópicos, em combinação com a rotação da Terra. Para os cientistas, um efeito potencialmente positivo da corrente de jato são os voos mais rápidos, conforme a direção do avião – os aviões podem ‘surfar na brisa’ para aumentar a velocidade e reduzir o tempo de voo, enquanto queimam menos combustível e, por sua vez, reduzem as emissões de carbono.

De acordo com um estudo da Universidade de Reading, os voos comerciais transatlânticos poderiam consumir até 16% menos combustível se fizessem melhor uso dos ventos rápidos. Em 2023, especialistas relataram num estudo que o aquecimento global está a acelerar os ventos nas correntes de jato devido a mudanças na densidade do ar da atmosfera terrestre.

Essas velocidades mais rápidas do vento causam correntes ascendentes e descendentes mais violentas – resultando numa turbulência severa para os aviões.

“A turbulência surge quando há uma grande mudança na velocidade do vento com a altura”, disse Osamu Miyawaki, cientista climático do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica no Colorado. “Quando as camadas de ar se movem em velocidades diferentes, o ar começa a misturar-se na fronteira das camadas. Essa mistura de ar transforma-se num vórtice giratório, ou redemoinho, que sentimos como turbulência quando os aviões voam através dele.”

Uma nova pesquisa da Universidade de Reading mostrou que a turbulência do ar claro, que é invisível e perigosa para as aeronaves, aumentou em várias regiões do mundo: este aumento aconteceu em conjunto com o aquecimento global – e que os dois estão ligados.

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