Venda de parcela de exploração da Galp na Namíbia permitirá alavancar investimentos, dizem analistas

A venda de uma parcela de exploração do negócio da Galp de petróleo na Namíbia permitiria alavancar os investimentos da empresa e reduzir o risco do projeto, consideram os analistas consultados pela Lusa.

A Galp pretende vender metade (40%) da participação de 80% que detém no consórcio de exploração de petróleo no complexo de Mopane, na Namíbia, em parceria com a empresa estatal namibiana Namcor e a Custos Energy (cada uma com uma posição de 10%), segundo notícias recentes.

“Caso a venda se concretize, será uma excelente notícia para a empresa, uma vez que permite rentabilizar já uma parte do investimento, mas, talvez até mais importante, permite reduzir substancialmente o risco do projeto, dado que o horizonte para a sua exploração prolonga-se num cenário em que é expectável uma redução substancial da procura por petróleo”, considera o diretor de operações da ActivTrades Brasil, Mário Martins.

Na mesma linha, os analistas da XTB destacam que a venda de 40% da operação permite à Galp “arrecadar capital muito significativo”, o que “lhe vai permitir consolidar melhor as suas obrigações de dívida e ainda ficar com capital para continuar os seus investimentos de exploração de petróleo e gás”.

“Trata-se de uma posição estratégica, em que a empresa opta por receber cash ‘flow’ no presente, provavelmente mais baixo, mas, em contrapartida, vai recebê-lo mais rápido”, referem, numa nota.

O presidente executivo da Galp garantiu, em 30 de abril, que a petrolífera vai manter “uma posição significativa” no projeto de exploração de petróleo na Namíbia, mas reconheceu que a atual participação de 80% “está para além da capacidade financeira” da empresa.

“Dada a dimensão do projeto, está para além da capacidade financeira da Galp manter uma posição de 80%. Aliás, temos uma exposição financeira de 100% no projeto”, afirmou nessa altura Filipe Silva durante uma conferência telefónica (‘conference call’) com analistas sobre os resultados do primeiro trimestre de 2024.

Para os analistas da XTB, a venda “permite impulsionar as suas explorações/investimentos enquanto pode reduzir as suas dívidas e apresentar um quadro mais sólido das suas contas junto dos investidores”.

“Esta decisão, para além de proporcionar tudo isso, como não existe a venda total da sua parcela, ainda assegura um ‘cash flow‘ futuro quando a exploração de Mopane estiver em funcionamento, o que lhe permite continuar a pensar na sua sustentabilidade a longo prazo assegurando fontes de rendimento futuro”, aponta.

Também o diretor de operações da ActivTrades Brasil considera que “havendo mais matéria-prima, a empresa terá capacidade para produzir mais subprodutos e consequentemente exportar mais”.

Em fevereiro, o presidente executivo da Galp indicou que o investimento previsto este ano pela Galp na Namíbia “deverá ser de cerca de 150 milhões de euros, em linha com o plano inicial”.

A Galp registou um lucro de 337 milhões de euros no primeiro trimestre de 2024, 35% acima dos 250 milhões de euros do período homólogo e que compara com 284 milhões do trimestre anterior.

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