Venda de carteiras de crédito malparado em Portugal deverá cair mais de 40%

O investimento em carteiras de crédito malparado (NPL) deverá travar significativamente este ano, estimando-se que a venda de portfólios deste tipo de ativos ascenda a 1,7 mil milhões de euros, de acordo com a Prime Yield no seu mais recente research sobre este mercado na Península Ibérica.

O relatório “Investing in NPL in Iberia”, que acaba de ser lançado, estima uma queda de 44% nestes investimentos face aos 3 mil milhões de euros transacionados em 2021, ano em que a atividade recuperou após a travagem de 2020, quando as transações não foram além dos mil milhões de euros, refletindo o impacto da pandemia.

De acordo com a Prime Yield, esta perda de ritmo face a 2021 fica a dever-se à conjugação de três fatores:

  • Em primeiro lugar, as carteiras que estão ativas no mercado são de menor dimensão do que antes, afetando o volume global transacionado. O volume de vendas de 2021 reflete a negociação de 13 portfólios, enquanto 2022, apesar da quebra assinalável no montante, sinaliza um número semelhante de operações;
  • Em segundo lugar, há uma efetiva redução do número de carteiras a surgir no mercado, pois não só o stock de malparado não aumentou, como se observou a entrada de vários servicers no mercado, os quais atuam numa fase prévia da recuperação do crédito, limitando as carteiras que chegam ao mercado para investimento final;
  • Por último, continua a existir um desencontro forte nas expetativas de preço entre vendedores e compradores. A Banca tem hoje menor pressão para vender, tentando obter melhor preço pelos portfólios. Já os investidores mostram-se menos abertos a pagar mais, daí decorrendo um desajuste de preços e uma maior demora na concretização dos negócios.

No contexto europeu, Portugal é o país com o décimo maior volume de NPL, ascendendo a 7,5 mil milhões de euros. Este stock é, ainda assim, bastante inferior aos dos líderes, como França, que detém cerca de 109,7 mil milhões de euros, Espanha, com 78,9 mil milhões de euros, ou Itália, onde ainda permanecem 51,8 mil milhões de euros. O NPL no sistema financeiro português equivale atualmente a um terço do registado há três anos, quando o stock ascendia a 21.3 mil milhões de euros.