Vacinação contra gripe e covid-19 arranca esta sexta-feira. Veja aqui como fazer

A campanha de vacinação contra a gripe e a covid-19 arranca hoje em cerca de 1.000 centros de saúde e 2.500 farmácias, sendo o objetivo deste ano o de vacinar 2,5 milhões de pessoas.

“Cerca de 2 milhões de pessoas, todos os que têm 60 anos de idade ou mais, poderão dirigir-se livremente às farmácias comunitárias. Os restantes utentes, com indicação para vacinação, seguindo as recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS), serão convocados pelos respetivos centros de saúde do Serviço Nacional de Saúde (SNS) onde estão inscritos”, refere a Direção Executiva do SNS em nota hoje divulgada.

Pela primeira vez as farmácias vão poder vacinar contra a covid-19, e segundo a Ordem dos Farmacêuticos há perto de 6.000 farmacêuticos habilitados para o fazer.

Fernando Araújo, diretor executivo do SNS, citado na nota hoje divulgado, sublinha que “a população elegível poderá, este ano, vacinar-se num local ainda mais próximo de casa, em horários alargados, num ambiente seguro e de confiança” e que “todo o processo proporciona aos cidadãos maior comodidade, acessibilidade e conveniência”.

“A campanha vai decorrer nas próximas oito a dez semanas, de acordo com a chegada progressiva das vacinas a Portugal. Os vírus que circulam esta época são diferentes dos anteriores e as vacinas já contemplam essa proteção, pelo que a recomendação clínica é de coadministração das duas vacinas para uma maior proteção das pessoas”, lê-se na nota.

A nota da Direção Executiva do SNS lembra que “é possível agendar a vacinação diretamente na farmácia ou online, através da plataforma de agendamento, sem custos para a população elegível”.

No entanto, na semana passada o Jornal de Notícias adiantava que as vacinas que vão chegar às farmácias nos primeiros dias da campanha de vacinação não serão suficientes para dar resposta às reservas já feitas pelos utentes.

Segundo o jornal, as farmácias foram informadas de que, desde o início da campanha até dia 10 de outubro, está prevista a chegada de 175 mil doses de vacinas da gripe e de 205 mil doses o caso da covid-19, o que obrigou já a reagendar utentes.

Quem é elegível?

Em linhas gerais, são elegíveis para a vacinação contra a gripe e Covid-19, de forma gratuita, segundo a DGS:

Profissionais e residentes/utentes em Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas
(ERPI), instituições similares e Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), e estabelecimentos prisionais;
– Pessoas com ≥60 anos de idade;
– Pessoas com 5-59 anos de idade com patologias de risco (neoplasias malignas ativas, a transplantação, infeção por VIH, doenças neurológicas, doenças mentais, doença hepática crónica, diabetes, obesidade, doenças inflamatórias, autoimunes e crónicas e pessoas sob terapêutica crónica com medicamentos biológicos, doença cardiovascular, doenças renal crónica, pulmonar crónica e outras como  a trissomia 21);
– Grávidas;
– Profissionais dos serviços de saúde (públicos e privados) e de outros serviços prestadores de cuidados de saúde, estudantes em estágio clínico, bombeiros envolvidos no transporte de doentes, prestadores de cuidados a pessoas dependentes.

Pode consultar a norma completa aqui.

Como fazer o agendamento?

Pode fazer já o agendamento na plataforma Farmácias Portuguesas, da Associação Nacional de Farmácias. Para isso basta aceder ao site, e escolher um dos serviços de vacinação disponíveis: Co-Vacinação SNS – Gripe e COVID-19 (+60 anos); Vacinação SNS Gripe (+60 anos), Vacinação SNS COVID-19 (+60 anos) ou Vacinação Gripe – Com prescrição médica (-60 anos).

Depois, escolha o seu distrito e concelho de residência (ou onde quer ser vacinado), e proceder à escolha da farmácia e horário que prefere.

Para confirmar o agendamento terá ainda de inserir alguns dados, como o nome, e-mail, data de nascimento, número de utente do SNS e o seu contacto telefónico. Após fazer a confirmação receberá um comprovativo a dar conta da ‘reserva’ feita.

Recorde-se que a farmácias irão assumir a maior parte da campanha da vacinação sazonal, dirigida a pessoas com 60 ou mais anos de idade, sendo que as pessoas com doenças associada e menos de esta idade irão ser convocadas para os centros de saúde.

Para a campanha de vacinação de 2023, até 13 de setembro já se contavam mais de 2100 farmácias aderentes, abrangendo 92% dos concelhos de Portugal.

Especialistas dão recomendações para aumentar adesão à vacinação contra a gripe
Especialistas reunidos na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) elaboraram sete recomendações para aumentar a adesão à vacinação contra a gripe, nomeadamente dos profissionais de saúde, visando mais proteção da população e prevenção de infeções, hospitalizações e até mortes.

Dias antes do arranque da Campanha de Vacinação Sazonal de Outono-Inverno 2023/2024, a Escola Nacional de Saúde Pública juntou um conjunto de especialistas em saúde pública, epidemiologia, economia da saúde e ciências comportamentais e clínica para uma sessão que visou “promover a vacinação contra a gripe e fazer algumas recomendações” para aumentar a cobertura vacinal, disse hoje à agência Lusa Gonçalo Figueiredo Augusto, da ENSP, que liderou o evento.

“Nós temos bons resultados em Portugal, mas se formos fazer uma análise dos grupos prioritários para vacinação, temos coberturas vacinais um pouco mais modestas do que poderíamos ter, por exemplo, nos profissionais de saúde ou nas pessoas com idade entre 60 a 69 anos”, disse o especialista em saúde pública.

O grupo analisou os últimos dados publicados, os quais demonstraram que “sem dúvida, a vacinação contra a gripe é uma intervenção economicamente eficiente, pois reduz o risco de infeção de complicações e hospitalizações derivadas da gripe, logo diminui a probabilidade de morte”.

Com o objetivo de “maximizar a adesão à vacinação contra a gripe, assegurando mais proteção à população, prevenindo infeções, complicações, hospitalizações e até mortes na população portuguesa”, os especialistas elaboraram sete recomendações.

A vacinação contra a gripe dos profissionais de saúde é a primeira recomendação feita pelos especialistas que defendem que possa ocorrer nos locais de trabalho, assim como uma “comunicação eficaz e assertiva” para todos os profissionais, através de comunicações para as unidades de saúde, ordens profissionais, e publicação nos ‘sites’ dos organismos do Ministério da Saúde.

“É preciso reforçar a mensagem de que é importante que os profissionais de saúde se vacinem, para proteger os seus doentes, os seus utentes e os seus familiares”, consideram.

“Quem diz os profissionais de saúde, médicos, enfermeiros, diz os cuidadores das pessoas que estão acamadas, os cuidadores informais”, porque têm “um contacto maior com pessoas que podem ter potencialmente doença grave ou mesmo morte e que precisam de perceber que é muito importante que elas estejam protegidas”, disse à Lusa Gonçalo Figueiredo Augusto.

O especialista realçou a importância da saúde ocupacional na promoção da vacinação junto dos profissionais de saúde, defendendo que devia haver mais unidades do SNS com este serviço, que visa a prevenção dos riscos profissionais e a proteção e promoção da saúde dos trabalhadores.

“Estabelecer métricas de vacinação e de prescrição de vacinas contra a gripe por unidades de saúde de cuidados primários” é outra recomendação, lembrando os objetivos das autoridades de saúde nacionais e internacionais de abranger pelo menos 75% de cada um dos grupos populacionais prioritários.

Outras recomendações passam por “programar os ‘softwares’ clínicos para que alertem os médicos prescritores da população a vacinar, de acordo com os grupos da população definidos pela Direção-Geral da Saúde”, comunicar a vacinação por SMS, possibilitar o agendamento ‘online’ da vacinação, com confirmação por SMS para os cidadãos, a possibilidade de envio da prescrição da vacina contra a gripe, por SMS, para os utentes menores 60 anos.

Os especialistas recomendam ainda a “comunicação à população em geral da importância da vacinação contra a gripe, através de fortes campanhas em diversos meios de comunicação social e redes sociais”.

O evento liderado por Gonçalo Figueiredo Augusto contou com a participação do investigador Julian Perelman, dos professores Francisco Ramos e Ana Rita Goês, todos da ENSP, do médico de Saúde Pública Ricardo Mexia, de Diana Costa, da DGS, Francisco George, da Sociedade Portuguesa de Saúde Pública, Sofia Duque, da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, Nuno Jacinto, da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, Baltazar Nunes do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge e Jorge Barroso Dias, da Sociedade Portuguesa de Medicina do Trabalho.

A covid-19 é uma doença respiratória causada pelo SARS-CoV-2, um tipo de vírus detetado em finais de 2019 na China e que se disseminou rapidamente pelo mundo, assumindo várias variantes e subvariantes, umas mais contagiosas do que outras.

A doença foi classificada como pandemia em 11 de março de 2020 e em maio de 2023 deixou de ser uma emergência de saúde pública internacional.

*Com Lusa

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