Vacinação contra a Covid-19 só está disponível para quem nunca foi vacinado e é doente de risco apesar do aumento dos casos em Portugal

Foram administradas quase dois milhões de doses de vacina contra a Covid-19 em Portugal entre outubro de 2023 e abril de 2024: de acordo com o ‘Jornal de Notícias’, foram 1.992.430, das quais 397.279 destinaram-se aos grupos de risco e 305.089 a pessoas com menos de 60 anos que quiseram ser vacinadas. A população com 80 ou mais anos registou a maior cobertura vacinal (78%), ao passo que os entre 60 e 64 anos tiveram uma cobertura de apenas 56,14%.

De acordo com o bastonário dos Farmacêuticos, “o balanço é positivo”. Hélder Mota Filipe frisa que “é uma cobertura total da ordem dos 56% e está acima da média de vacinação na Europa, que é de cerca de 12%”. A menor adesão é justificada, segundo a DGS e o bastonário, pela “frustração e saturação da população elegível face à vacinação e ao receio dos efeitos secundários das vacinas no caso de pessoas não vacinadas, bem como à imunização natural resultante do contágio pelo vírus no início da época de vacinação”.

No entanto, “a vacinação significa proteção e o importante é que as pessoas se vacinem. E quem ainda não o fez pela primeira vez ou é um doente de risco deve fazê-lo. Para estes ainda há vacinas disponíveis nos centros de saúde”, sublinha o bastonário. “A campanha funciona bem e o que queremos é que toda a população seja vacinada no período certo para se preparar para o inverno”, saliente.

Segundo o pneumologista Filipe Froes, “a decisão de vacinar deve ser uma decisão partilhada entre o médico e o doente com base no risco de gravidade da infeção e a presença de fatores de risco”. “A vacinação em julho de 2024 com as vacinas de setembro do ano anterior, que tinham na sua base a variante (XBB.1.5), tem pouca eficácia nas pessoas que mais necessitavam de proteção, nomeadamente os imunocomprometidos”, indica.

O especialista aponta ainda que “houve uma progressão de mutações no SARS-CoV-2 que explicam essa menor eficácia, embora sem qualquer problema de segurança da vacina. O que eu recomendo aos meus doentes mais vulneráveis é protegerem-se no período da campanha, evitando aglomerados e pessoas com queixas respiratórias, e que, na dúvida, de poderem estar a correr riscos, optem pelo uso da máscara. E se quiserem ser vacinados, mal não faz que o sejam em setembro com a nova vacina, as vantagens são muito superiores”.

A campanha de vacinação contra a Covid-19 e gripe para este ano já está a ser preparada, com o objetivo de “vacinar o máximo de pessoas em proximidade”. As farmácias vão participar no processo. “70% das pessoas preferiu ser vacinada nas farmácias, sendo a acessibilidade um dos principais motivos apontados, isto quer dizer alguma coisa”, revela Hélder Mota Filipe. “O alargamento da campanha de vacinação sazonal às farmácias comunitárias permitiu aumentar em mais de 400% a disponibilidade de pontos de vacinação comparativamente com 2022-2023, permitindo também antecipar o pico de administrações comparativamente aos outros anos.”

A campanha deverá arrancar a partir da segunda quinzena de setembro e as vacinas podem continuar a ser administradas até abril de 2025, “com faseamento sequencial, e de acordo com a disponibilidade de vacinas”, refere a DGS. “A adoção deste modelo de vacinação tem como objetivo assegurar elevados padrões de eficiência e de efetividade, promovendo ganhos em saúde, aliados a uma maior proximidade para os utentes.”

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