Unionistas da Irlanda do Norte rejeitam acordo de saída proposto por Boris Johnson
O Partido Unionista Democrático (DUP) disse que «não podia apoiar» o plano do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, para o Brexit, avança esta quinta-feira o “The Independent”.
Esta decisão do DUP, divulgada às sete da manhã através de um comunicado, representa um duro golpe para Johnson, numa altura em que o governante se prepara para uma cimeira de dois dias do Conselho Europeu, em Bruxelas.
«Estamos envolvidos nas discussões em curso com o Governo. Tal como está, não podemos apoiar o que é sugerido em questões alfandegárias e de consentimento, e há uma falta de clareza sobre o IVA. Continuaremos a trabalhar com o Governo para tentarmos alcançar um acordo sensato que funcione para a Irlanda do Norte e proteja a integridade económica e constitucional do Reino Unido», lê-se na nota, assinada pela líder do DUP, Arlene Foster, e o líder da bancada parlamentar do DUP, Nigel Dodds. No entanto, acrescentam, «vamos continuar a trabalhar com o governo para tentar obter um acordo sensato que funcione para a Irlanda do Norte e proteja a integridade económica e constitucional do Reino Unido».
A fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte tem alvo de controvérsia desde o início das negociações. Johnson prometeu apresentar propostas concretas para substituir o backstop, uma solução de último recurso negociado pela sua antecessora Theresa May e Bruxelas, e do qual os 27 Estados-membros recusam abdicar. Esta solução pretende evitar uma barreira física entre o território britânico com a República da Irlanda, permitindo a livre circulação de produtos até entrar em vigor um acordo definitivo. No entanto, implica que ambos fiquem sujeitos a certas regras do mercado único e união aduaneira, algo que o líder dos Conservadores recusa.
Mas. no dia 19, sábado, o Parlamento britânico deverá reunir-se, pela primeira vez desde a Guerra das Malvinas em 1982, para votar um qualquer acordo que saia da cimeira europeia. Caso Johnson chegue de Bruxelas com um acordo e o Parlamento não o aprove, o primeiro-ministro britânico terá de pedir um novo adiamento da saída do Reino Unido da UE, até 31 de Janeiro de 2020, à luz da legislação recentemente aprovada .
A saída do Reino Unido da UE, recorde-se, está prevista a 31 de Outubro, algo que o primeiro-ministro britânico Boris Johnson sempre garantiu que iria respeitar, houvesse ou não acordo com os 27. O ministro britânico para o Brexit, Steve Barclay, veio ontem confirmar que Johnson pretende cumprir a lei. «O governo vai cumprir a lei e os compromissos dados ao tribunal [escocês]», afirmou Barclay perante a comissão parlamentar sobre a saída da UE.