Uma gotinha de água ou uma poda? IA vai permitir que o seu jardim fale consigo para lhe dizer de que cuidados precisa

No futuro, os jardineiros poderão conversar com os seus jardins graças a avanços na inteligência artificial (IA), que permitirá às plantas “responder” às necessidades de cuidado. Esta inovação, que será apresentada na próxima edição do Chelsea Flower Show, promete transformar a maneira como os entusiastas da jardinagem interagem com os seus espaços verdes.

A ideia de que falar com plantas pode ajudar no seu crescimento já foi defendida publicamente por figuras como o Rei Carlos III, um conhecido amante da horticultura. Em 1986, Carlos revelou: “Eu apenas venho e falo com as plantas, realmente – é muito importante falar com elas, elas respondem”. Desde então, estudos parecem corroborar esta ideia, indicando que as plantas respondem às vibrações vocais, o que poderia estimular o seu crescimento.

A grande novidade será o jardim interativo de Tom Massey e Je Ahn, desenvolvido em parceria com a Microsoft, que poderá responder a perguntas como: “Como estás? O que precisas? Precisas de ser regado?” Durante um evento da RHS (Royal Horticultural Society), Massey explicou que o jardim poderá até sugerir: “Preciso de um pouco mais de água, talvez um corte.” O projeto será apresentado no Chelsea Flower Show, onde os visitantes poderão testar a interação através de uma aplicação móvel, fazendo perguntas diretamente ao jardim.

O jardim será equipado com sensores sem fios relativamente acessíveis, enterrados no solo para monitorizar a humidade, os níveis de nutrientes, a acidez e a alcalinidade do terreno. Estes sensores vão comunicar com um computador alojado num pavilhão ao fundo do jardim, proporcionando aos jardineiros informações em tempo real sobre as necessidades das plantas.

Esta tecnologia, desenvolvida especificamente para o evento, dá uma antevisão de como os jardins do futuro poderão ser geridos. Massey acredita que a aplicação prática deste sistema será muito útil, especialmente em grandes projetos de desenvolvimento. “Imagine a quantidade de água que se poderia poupar num grande empreendimento se apenas usássemos água quando realmente necessário”, disse. Atualmente, muitos sistemas de irrigação ativam-se automaticamente em horários pré-definidos, independentemente de as plantas necessitarem de água.

Apesar das críticas sobre a possível perda do prazer da jardinagem, Massey assegura que a IA não retirará a diversão dessa atividade. Pelo contrário, ele considera que não há “diversão em passar horas a regar um jardim quando não é necessário”. A IA, segundo ele, poderia até encorajar os jardineiros a relaxar, com mensagens como: “Para de me regar. Vai beber um copo de água”.

As implicações da IA na jardinagem vão muito além da poupança de água. Segundo Massey, sistemas de visão futuristas poderão ser capazes de detetar pragas e automatizar ainda mais o cuidado dos jardins, como o uso de cortadores de relva robóticos. Esta nova tecnologia está já a fazer sentir o seu impacto, com várias empresas a oferecerem aplicações de design de jardins baseadas em IA, incluindo a ChatGPT.

A RHS também já abraçou esta revolução tecnológica, ao desenvolver a sua própria aplicação de aconselhamento para jardinagem baseada em IA, chamada ChatBotanist, destinada a ajudar os jardineiros a cuidarem melhor dos seus espaços verdes.

O projeto de Tom Massey no Chelsea Flower Show revela uma nova era na jardinagem, onde a tecnologia e a natureza se entrelaçam de formas inovadoras. Com o desenvolvimento de IA cada vez mais avançado, o futuro dos jardins poderá ser marcado por uma interação mais direta e eficiente entre humanos e plantas. Num mundo em que a sustentabilidade e o uso eficiente dos recursos são cada vez mais prioritários, esta tecnologia poderá representar um salto significativo para a preservação do meio ambiente e o cuidado consciente dos espaços verdes.

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