Um mês depois das legislativas, Chega é o partido que mais cresce e duplica intenção de voto

O Chega foi o partido que saiu mais beneficiado junto dos portugueses no mês seguinte às legislativas. A sondagem “Pós-eleitoral Novembro 2019”, realizada pela Aximage para o Jornal Económico mostra que a força política criada por André Ventura mais do que duplicaria os resultados nas urnas.

A sondagem realizada entre 8 a 11 de Novembro, após a discussão do Programa de Governo, mostra que o Chega obteve a maior variação positiva nas intenções de voto, ganhando 1,7 pontos percentuais, um acréscimo que lhe permitiria mais do que duplicar o resultado obtido nas urnas a 6 de Outubro, com 67 826 votos (1,29%), destacando-se entre os recém-chegados à Assembleia da República.

Mais dois partidos aumentariam as intenções de voto em relação ao resultado das legislativas. O PS sobe 1,1 pontos percentuais e o Bloco de Esquerda tem um acréscimo de 0,9, ainda que os socialistas só conquistem abstencionistas (com um acréscimo de 2,8 pontos) e os bloquistas concentrem ganhos entre aqueles que não foram votar a 6 de outubro (1,4 pontos), conseguindo apenas a transferência de 0,2 oriundos do PS e 0,1 provenientes do PSD.

Já o partido de André Ventura tem uma evolução diferente: não iria ganhar à abstenção mas recolhe intenções de voto em quase todos os restantes partidos e coligações (“imunes” só os eleitorados da CDU, do Iniciativa Liberal e do Livre), conquistando 0,7 pontos aos outros partidos, brancos e nulos, 0,3 ao PSD, 0,3 aoBloco de Esquerda, 0,2 ao PS, 0,2 aoCDS-PP e 0,1 ao PAN. Mas também se verifica uma perda de 0,1 pontos de eleitores do Chega para os outros, brancos e nulos.

PS reforçaria posição
A sondagem “Pós-eleitoral Novembro 2019” também indica que o PS reforça a posição de principal força política, beneficiando do ligeiro aumento nas intenções de voto e da ténue redução do PSD, que apresenta um balanço negativo de 0,7 pontos no primeiro mês desta legislatura.

De notar que os socialistas ficaram a apenas oito mandatos da maioria absoluta nas eleições de 6 de Outubro, nas quais obtiveram 36,34% dos votos, mas teriam um acréscimo pouco superior a um ponto percentual. O “reverso da medalha”, avança a sondagem, é que o PS também é o partido com maior número de “arrependidos” em relação ao voto nas legislativas: perderia 1,7 pontos percentuais, sobretudo para os outros partidos, brancos e nulos (1,1), mas também para Bloco de Esquerda (0,2), Chega (0,2), PSD (0,1) e PAN (0,1).

Também com intenções de voto em alta nesta sondagem da Aximage, o Bloco de Esquerda vê os seus ganhos à abstenção (1,4), PS (0,2) e PSD (0,1) contrabalançados com perdas para os outros partidos, brancos e nulos e para o Chega, mantendo um saldo positivo de 0,9 pontos.

Por seu lado, o PSD tem a particularidade de ser um dos dois únicos partidos a perder intenções de voto para a abstenção, sendo o outro o Iniciativa Liberal. No entanto, o partido que deverá passar a ser presidido pelo seu único deputado, João Cotrim de Figueiredo, tem apenas 0,1 pontos percentuais de eleitores nas legislativas a responderem que não votariam, enquanto esse valor é quatro vezes maior nos sociais-democratas.

Nivelados por baixo
Nas restantes forças políticas com representação parlamentar não se registam variações muito significativas, mas o ponto comum é que ninguém sai a ganhar, sendo o Iniciativa Liberal o único caso em que o saldo é nulo, pois os 0,2 pontos perdidos em partes iguais para a abstenção e para o PSD encontram compensação num ganho de 0,2 pontos precisamente à custa dos sociais-democratas.

Todos os outros partidos sofrem perdas nas intenções de voto que, embora muito pequenas (entre uma e duas décimas) não deixariam de ter impacto em algumas dessas forças. Sobretudo no Livre, que elegeu Joacine Katar-Moreira – alvo da pior avaliação entre líderes partidários e deputados únicos na sondagem da Aximage que o Jornal Económico publicou na semana passada – com 1,09% e que perde agora 0,2 pontos para outros partidos, brancos e nulos.

Também de 0,2 pontos é a perda de intenções de voto do CDS-PP (para o Chega), enquanto o PAN perde 0,2 pontos para o Chega e outros, brancos e nulos – mas conquista 0,1 pontos ao PS. Já a CDU, que registou a 6 de Outubro a pior votação de sempre em eleições legislativas das coligações lideradas pelo PCP, perde 0,1 pontos para outros, brancos e nulos.

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