“Um canalha, um traidor”: Juiz polaco de topo implora por asilo na Bielorrússia

Um juiz polaco de topo solicitou asilo político na Bielorrússia esta segunda-feira, num ato de protesto contra a política da Polónia em relação à Bielorrússia e à Rússia. Tomasz Szmydt, numa carta de demissão publicada nas redes sociais, anunciou sua renúncia ao cargo de juiz do Tribunal Administrativo de Varsóvia “com efeito imediato”.

Szmydt descreveu sua decisão como uma reação às “atividades para empurrar o meu país para um conflito militar direto” com a Bielorrússia e a Rússia, apelando às autoridades polacas para “normalizar” e estabelecer “relações de boa vizinhança” com Minsk e Moscovo.

Ainda, recorda o Politico, o juiz participou de uma conferência de imprensa em Minsk, na qual elogiou o regime do presidente Alexander Lukashenko por administrar um “país florescente”. O magistrado argumentou que as autoridades de Varsóvia, influenciadas pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido, estão “a levar o país à guerra”.

No entanto, a sua decisão foi fortemente criticada em Varsóvia. Stanisław Żaryn, assessor do presidente Andrzej Duda, afirmou: “Quem quer que fuja da Polónia para a Bielorrússia para difamar a Polónia e a comunidade da NATO, da qual fazemos parte, é um canalha e um traidor”.

O ministro nos Negócios Estrangeiros, Radosław Sikorski, falou numa “informação chocante” que é “difícil” de comentar.

As relações entre a Polónia e a Bielorrússia estão em seu ponto mais baixo em décadas, com Varsóvia a acusar Minsk de orquestrar uma crise migratória na fronteira e de apoiar a guerra da Rússia na Ucrânia.

Esta não é a primeira vez que Szmydt está envolvido em controvérsias. Em 2019, foi relatado que pertencia a um grupo que discutia como desacreditar juízes que não prestavam lealdade ao governo.

A deserção de Szmydt para a Bielorrússia ecoa o caso anterior de Emil Czeczko, um soldado polaco que fugiu para a Bielorrússia em dezembro de 2021 e criticou publicamente a política migratória do seu país. Czeczko, no entanto, supostamente cometeu suicídio em Minsk em março de 2022.

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