Últimos bombardeamentos de Israel no Líbano fazem pelo menos 274 mortos e mais de 1.000 feridos. “Dias complicados estão a caminho”, avisa Netanyahu

O conflito entre Israel e o Líbano voltou a escalar esta segunda-feira, com uma série de intensos bombardeamentos por parte das Forças de Defesa de Israel (FDI) sobre o sul do Líbano e o Vale do Bekaa, no leste do país. Estes ataques atingiram várias áreas dominadas pelo grupo xiita Hezbollah, e ocorreram após uma semana de tensões crescentes. Segundo informações do Ministério da Saúde libanês, pelo menos 274 pessoas morreram, incluindo 21 crianças, e 1.024 ficaram feridas.

De acordo com o exército israelita, mais de 300 alvos de Hezbollah foram atingidos durante a operação. As autoridades israelitas afirmam que a campanha se destina a neutralizar as infraestruturas do grupo, que continua a lançar ataques contra Israel. As FDI anunciaram ainda que os bombardeamentos continuarão ao longo do dia, com novos ataques já planeados para outras regiões do Líbano.

No entanto, o número de mortos poderá aumentar, dado que as operações de resgate ainda estão em curso em várias áreas atingidas. O governo libanês tem apelado à calma e pedido apoio internacional para lidar com as consequências dos ataques.

Antes dos bombardeamentos, o exército israelita tinha emitido um aviso aos civis do Vale do Bekaa, uma região no leste do Líbano, para que evacuassem imediatamente as zonas próximas de edifícios utilizados pelo Hezbollah. O exército deu um prazo de duas horas para a retirada, com vista a minimizar as baixas civis.

Este alerta surge após ataques aéreos massivos a várias zonas do sul do Líbano, incluindo a região de Nabatieh, que foi alvo de cerca de 80 bombardeamentos. A Agência Nacional de Notícias do Líbano (ANN) reportou também ataques a sete diferentes áreas do Vale do Bekaa, uma região que, até recentemente, tinha sido alvo de ataques esporádicos.

Daniel Hagari, porta-voz do exército israelita, reiterou que os alvos dos ataques são exclusivamente instalações do Hezbollah, e apelou à evacuação das áreas de risco para proteger os civis.

Em resposta às perguntas sobre uma possível incursão terrestre israelita no Líbano, Hagari afirmou que Israel “fará o que for necessário” para proteger os seus cidadãos e manter a segurança nas suas fronteiras. Esta declaração eleva a possibilidade de uma invasão terrestre, uma medida que poderia marcar uma escalada significativa no conflito.

Os meios de comunicação estatais libaneses relataram também uma “forte” onda de bombardeamentos em sete zonas diferentes do Vale do Bekaa, incluindo áreas próximas da cidade histórica de Baalbek e dos arredores de Hermel, que faz fronteira com a Síria. O Vale do Bekaa, que até agora tinha sido poupado a grandes ofensivas, foi este ano incluído no raio de ação de Israel, mas os ataques anteriores eram limitados a alvos específicos, como alegados depósitos de armas.

Netanyahu apela à unidade nacional

Após os bombardeamentos, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, dirigiu-se à nação, pedindo aos cidadãos que sigam as orientações do governo e se mantenham unidos diante dos desafios. “Dias complicados estão a caminho”, advertiu Netanyahu numa mensagem televisiva, transmitida após uma reunião de avaliação da situação no quartel-general militar em Tel Aviv.

O primeiro-ministro declarou que as FDI estão a destruir milhares de mísseis e foguetes destinados a civis israelitas. Netanyahu sublinhou a sua intenção de “mudar o equilíbrio de poder na fronteira norte”, referindo-se à campanha militar contra o Hezbollah. “Prometi que íamos mudar o equilíbrio de poder na fronteira norte, e é isso que estamos a fazer”, afirmou.

Escalada desde a guerra de Gaza

Nos últimos dias, Israel lançou uma série de ataques aéreos massivos contra o Líbano, numa escalada sem precedentes desde o início da guerra de Gaza. O conflito com o Hezbollah intensificou-se a partir de 8 de outubro, um dia após o início dos confrontos com o grupo militante palestiniano Hamas, com o qual Israel também mantém uma disputa acesa na Faixa de Gaza.

Os confrontos entraram numa nova fase quando, na semana passada, milhares de dispositivos de comunicação nas mãos do Hezbollah explodiram simultaneamente, e um ataque nas proximidades de Beirute matou vários altos dirigentes do grupo xiita. Estes três ataques, que as autoridades libanesas atribuem a Israel, resultaram em quase 80 mortos e cerca de 3.000 feridos.

A situação no Líbano ameaça desestabilizar ainda mais a já frágil região. Israel justifica os seus ataques com a necessidade de neutralizar as capacidades militares do Hezbollah, que, segundo Netanyahu, tem ameaçado continuamente a segurança de Israel com o lançamento de mísseis e foguetes em direção ao território israelita.

Por outro lado, as autoridades libanesas pedem apoio da comunidade internacional para travar a escalada e evitar mais baixas civis. A ONU e outros organismos internacionais já apelaram à moderação de ambas as partes, mas, até ao momento, os apelos têm caído em ‘saco roto’, com o conflito a intensificar-se.

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