UE lança megaoperação de combate à máfia italiana. Investigada fraude de 520 mil milhões de euros que envolve Camorra e Cosa Nostra

A Procuradoria Europeia (EPPO) anunciou esta quinta-feira uma investigação de 520 milhões de euros em fraude de IVA, envolvendo “vários” grupos da máfia italiana. A operação, batizada de “Moby Dick”, levou a buscas em massa, com 160 mandados executados em diversos países da União Europeia, entre eles Itália, Bulgária, Croácia, Chipre, República Checa, Luxemburgo, Países Baixos, Eslováquia e Espanha, além de locais fora do bloco.

Esta investigação centra-se especialmente nos notórios grupos mafiosos italianos Camorra e Cosa Nostra. Segundo uma fonte próxima da investigação, que pediu anonimato devido à sensibilidade do tema, os esquemas de fraude em análise representam uma séria ameaça à segurança e à economia da União Europeia.

Em Itália, a operação teve grande impacto, com as autoridades a congelarem 129 contas bancárias e a confiscarem 192 propriedades, bem como 44 carros e barcos de luxo. Estes bens foram apreendidos como parte do esforço para estancar o esquema de fraude, que usava uma rede de empresas falsas para emitir faturas fraudulentas com um valor total superior a 1,3 mil milhões de euros. Este processo, conhecido como “fraude em carrossel de IVA”, consiste em empresas reclamarem reembolsos de IVA através de cadeias de transações simuladas para iludir as autoridades fiscais nacionais.

De acordo com a EPPO, fraudes deste tipo representam uma perda anual de cerca de 50 mil milhões de euros para a Europa — um valor superior ao estimado para o tráfico de drogas ilegal, que ronda os 30 mil milhões de euros por ano, segundo a Agência Europeia de Drogas. A chefe da Procuradoria Europeia, Laura Kövesi, sublinhou a importância da investigação, afirmando que “Moby Dick” é uma operação “definidora” para a instituição. “Há algum tempo que alertamos sobre o perigoso envolvimento de grupos criminosos organizados em fraudes contra o orçamento da UE. Além dos danos colossais que causam, temos vindo a avisar sobre a ameaça à nossa segurança interna representada pela sua atividade neste setor. Agora, finalmente lançamos luz sobre um primeiro grande caso.”

A EPPO, criada com o objetivo de investigar crimes financeiros graves que afetam os interesses da UE, tem nos últimos três anos focado esforços em impedir a expansão destas organizações criminosas. Kövesi também destacou que a operação “Moby Dick” expõe a ligação entre mundos criminosos distintos. “Não existem dois mundos criminais separados: o dos criminosos realmente maus e perigosos que traficam drogas e pessoas de um lado; e o dos criminosos de colarinho branco, que ‘meramente’ corrompem e lavam dinheiro, do outro,” comentou.

A procuradoria também emitiu uma ordem de congelamento de mais de 520 milhões de euros, com o intuito de compensar os prejuízos causados ao orçamento da União Europeia e aos orçamentos nacionais dos Estados-membros. Esta medida representa um passo significativo na luta contra redes de fraude sofisticadas que utilizam lacunas fiscais para financiar operações criminosas e desestabilizar a economia da União Europeia.

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