UE hesita em sancionar GNL russo: Moscovo ainda é o segundo maior fornecedor da Europa, denuncia relatório

O relatório anual sobre o estado da União da Energia da UE denunciou que a Europa continua a depender da Rússia para quase um quinto das suas importações de gás: já o Executivo europeu está preocupado com o ritmo lento da transição para o abandono dos combustíveis fósseis.

Apesar de uma enorme queda no fornecimento desde que o Kremlin iniciou a sua invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, a UE ainda depende da Rússia e a comissária da Energia, Kadri Simson, hesitou quando questionada se o bloco estava pronto para incluir num regime de sanções. “Continuamos totalmente empenhados em concluir a eliminação progressiva do gás russo, o que pode ser feito sem pôr em causa a segurança do aprovisionamento energético da Europa”, destacou, em Bruxelas, durante a apresentação do relatório anual sobre o estado da União Europeia da Energia.

Embora o consumo de gás russo tenha diminuído drasticamente em relação aos 150 mil milhões de metros cúbicos, ou 45% de todas as importações, antes da invasão, a UE ainda dependia da Rússia para 18% das importações até agosto deste ano – um pouco mais do que o total das importações de GNL dos EUA, o que significa que a Rússia continua a ser o segundo maior fornecedor da Europa, a seguir à Noruega.

A União Europeia tenciona impor sanções às importações de GNL russo? Simon sustentou que a Rússia já perdeu qualquer influência que tinha sobre a UE. “Os volumes que algumas empresas ainda estão a receber da Rússia já não permitem que ela nos chantageie – há alternativas disponíveis”, referiu, salientando que as reservas de gás da Europa já estavam cheias muito antes do início do inverno.

O executivo da UE tem estado a preparar-se para quando o acordo de trânsito entre a Gazprom da Rússia e a Ucrânia expirar no final do ano. “Encontrámos rotas de abastecimento alternativas e os Estados-Membros ou as suas empresas que ainda estão a receber gás da Rússia tiveram mais dois anos em comparação com outras empresas que a Rússia decidiu cortar em 2022.”

A Comissão está determinada a garantir que o gás russo que já não passa pela Ucrânia – privando Kiev das taxas de trânsito – não seja simplesmente redirecionado através de outras rotas. “A minha maior missão é encorajar as empresas que ainda estão a receber gás russo através de gasodutos a optarem por alternativas mais previsíveis.”

O relatório apontou ainda que a UE tem necessidade de acelerar a instalação de turbinas eólicas, painéis solares e outras infraestruturas de energias renováveis, para que possa cumprir o seu objetivo de 42,5% de energia verde até 2030.

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