Ucranianos dizem que é hora de negociações de paz com a Rússia, revela sondagem

Há cada vez mais conversas sobre negociações de paz com a Rússia na Ucrânia: segundo uma sondagem realizada pelo Centro Razumkov, um think tank ucraniano, para o jornal online ‘Dzerkalo Tyzhnia (zn.ua)’, 44% dos ucranianos em áreas atrás da linha da frente acreditam que é hora de iniciar negociações oficiais entre Kiev e Moscovo; 35% garantem que não há razão para iniciar conversas e 21% estão indecisos.

Os resultados mostram que os ucranianos são categoricamente contra a Ucrânia aceitar e cumprir as condições recentemente definidas por Putin para acabar com a guerra: quase 83% rejeitam a retirada das tropas ucranianas de partes das regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporizhia não controladas por Moscovo, e cerca de 84% são contra a cessão desses territórios à Rússia – além disso, 77% são contra o levantamento de todas as sanções ocidentais contra a Rússia.

No que diz respeito ao estatuto neutro, não alinhado e livre de armas nucleares para a Ucrânia, a atitude da população nas áreas controladas por Kiev é menos clara: 58% dos entrevistados são contra tal status, enquanto 22% são a favor.

Quando inquiridos sobre qual deveria ser a condição mínima para concluir um tratado de paz com a Rússia, mais de 51% disseram que a Ucrânia deve ser libertada das forças de ocupação russas e dentro de suas fronteiras de 1991. Embora a maioria dos ucranianos gostaria de ver um regresso a essas fronteiras, quase um em cada dois ucranianos (46%) acredita que não há vergonha em se recusar a ser recrutado. Apenas 29% têm a opinião oposta, enquanto 25% estão indecisos.

“Isso mostra a frustração da população. Em condições de guerra, as pessoas não sabem quais são as perspetivas que elas e o país têm. É exatamente isso que essas respostas paradoxais da sociedade estão a sinalizar”, refere Oleh Saakyan, cientista político e cofundador da Plataforma Nacional para Resiliência e Coesão Social, citado pela publicação ‘DW’.

De acordo com o responsável, a grande disposição para negociações de paz mostrou que os esforços anteriores para mobilizar a população e criar unidade estavam esgotados, pois eram dirigidos para uma guerra curta. “Acabámos num longa guerra, e nem as autoridades nem as elites ofereceram ao povo uma visão de como eles deveriam viver na Ucrânia em condições de guerra permanente ou ameaça de guerra.”

Até agora, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky sempre rejeitou quaisquer acordos possíveis com a atual liderança da Rússia e até mesmo emitiu um decreto excluindo negociações com o presidente Vladimir Putin. Mas a situação pode estar a mudar: Zelensky até disse que representantes russos devem comparecer à segunda “cúpula da paz” que a Ucrânia planeia realizar em novembro.

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