Ucrânia usa armas fornecidas pelos EUA para afundar último navio russo com capacidade de disparar mísseis de cruzeiro
A frota russa do Mar Negro enfrentou mais um golpe significativo. O exército ucraniano afundou o navio de guerra Tsiklon, um dos mais modernos e o último desta frota capaz de disparar mísseis cruzeiro, no porto de Sebastopol, na região da Crimeia. A informação foi avançada por vários bloggers militares russos, horas depois de o Ministério da Defesa da Ucrânia ter noticiado o afundamento de outra embarcação no domingo.
De acordo com a plataforma de notícias Astra, o cais onde o navio estava atracado foi atingido por três mísseis ATACMS, resultando na morte de seis militares e ferimentos em outros onze. Fontes russas informaram que nove mísseis foram abatidos pelas defesas antiaéreas.
A capacidade da Ucrânia de atingir um alvo a mais de 240 quilómetros parece confirmar que as forças de Kiev utilizaram mísseis de longo alcance recentemente fornecidos por Washington. Este facto sugere que a administração Biden pode ter enviado a versão mais avançada desses mísseis.
Caso se confirme que estes mísseis foram responsáveis pela destruição do Tsiklon, o ataque representa uma das maiores conquistas ucranianas no Mar Negro nos últimos meses. Estes projéteis são geralmente utilizados para atingir alvos em terra e não havia, até agora, qualquer registo de sua utilização contra embarcações.
Another bad day for the russian Black Sea Fleet.
Overnight, Ukrainian defenders destroyed a russian minesweeper Project 266M "Kovrovets".
Great job, warriors! pic.twitter.com/ol4reKtuN6— Defense of Ukraine (@DefenceU) May 19, 2024
Os ataques também revelam uma realidade preocupante para a Rússia. As famosas defesas antiaéreas S-400, que Moscovo afirma ser o sistema mais avançado do mundo, não conseguiram interceptar os mísseis norte-americanos. Isto coloca o porto de Sebastopol, a base da frota do Mar Negro, ao alcance de futuros ataques ucranianos.
A Ucrânia tem utilizado uma combinação de técnicas para atacar navios russos na região. Até agora, quase todos os ataques usaram armas desenvolvidas e produzidas na Ucrânia, como os mísseis Neptuno e diversas classes de drones navais. Uma exceção foi o uso combinado de mísseis SCALP e Stormshadow para atacar um navio de assalto anfíbio, um submarino e o quartel-general da Frota do Mar Negro, em setembro de 2023.
Esta série de ataques levou a marinha russa a deslocar alguns dos seus navios mais importantes do porto de Sebastopol para Novorossisk.
No domingo, 19 de maio, a Ucrânia noticiou ter afundado o navio Kovrovets, também no porto de Sebastopol. A marinha ucraniana partilhou nas redes sociais uma imagem do navio com a legenda “mais um dia mau para a frota do Mar Negro”.
O Tsiklon, com uma tripulação de 70 marinheiros e oficiais, era um dos projetos navais mais recentes da marinha russa, tendo entrado em serviço em 2023. Capaz de disparar os mísseis cruzeiro Kalibr e Oniks, o navio nunca foi utilizado para atacar a Ucrânia, limitando-se a operações defensivas na região.
Ao longo de mais de dois anos de guerra, a frota russa no Mar Negro tem sofrido pesadas perdas contra o exército ucraniano, que não possui qualquer embarcação. Em mais de 850 dias de conflito, as forças ucranianas afundaram mais de 20 embarcações de diversos tipos, representando quase um terço da frota russa.
Entre as perdas mais significativas está o cruzador Moskva, o navio bandeira da frota, além de cinco dos sete principais navios de desembarque anfíbio.