Ucrânia prepara o seu ‘Dia D’ para acabar com a guerra. Assim serão as 24 horas que decidirão o futuro da Europa

O famoso ‘Dia D’ da II Guerra Mundial decidiu o fim do conflito e abriu trilho ao caminho da Europa para o futuro. Foram 24 horas que se revelaram determinantes, desde o desembarque na Normandia até à decisão de Eisenhowen, ao comando da operação, decidir aproveitar a janela de oportunidade de 5 para 6 de junho de 1944. Da mesma forma, a Ucrânia também já prepara o seu ‘Dia D’, tendo em vista um rápido fim da invasão da Rússia, que começou a 24 de fevereiro do ano passado.

O ‘Dia D’ ucraniano, de libertação do território, com um golpe rápidos aos invasores de forma a amedrontá-los à mesa das negociações, já vencidos e sem hipóteses, está a ser preparado há alguns meses.

Será essa a estratégia e não uma vitória total, que é vista como “improvável”, que os aliados da Ucrânia já estão a planear. Foi para esse efeito que Kiev passou os últimos meses a reunir tropas, a treiná-las no exterior, e a juntar armamento fornecido pelos vários aliados da Nato, segundo escreve o El Mundo.

As perspetivas são positivas, mas há alguns obstáculos: as estradas e acessos na Ucrânia estão cheias de composições de comboios e camiões, carregados de armamentos, veículos, lançadores e munições, a caminho da linha da frente e aí, por exemplo na de Bakhmut. Os terrenos lamacentos e húmidos das fortes chuvas ameaçam engolir e parar os sistemas de deslocação dos veículos militares. “”Se avançássemos, ficariam presos. è impossível lançar uma ofensiva agora, por isso é preciso esperar que o solo endureça e voltem a brotar folhas nas árvores, para ajudar na camuflagem dos veículos”, assinala o comandante da 80.ª Brigada.

Um eventual ‘Dia D’, aproveitando a primeira janela de oportunidade é, segundo analistas ouvidos pelo mesmo jornal, uma grande oportunidade para Kiev recuperar pelo menos parte dos territórios ilegalmente anexados, de forma a colocar em risco o plano de moscovo de consolidação territorial.

Nesta ação, tal como no ‘Dia D’ original, as primeiras 24 horas serão decisivas para o futuro da Europa: Se a Ucrânia conseguir consolidar os ganhos, romper as defesas russas e lançar os invasores em retirada e fuga, o golpe moral pode levar a uma vitória. Por outro lado, se houver resistência das tropas russas, a situação pode ‘castigar’ os ucranianos.

A Rússia tem falhado nos últimos meses no campo de batalha, não conseguindo avanços significativos na ofensiva de inverno, nem sequer a conclusão da tomada de Bakhmut. Perante a estratégia falhada, e um desgaste militar a que não assistia desde a II Guerra Mundial, pelo que Moscovo já está a preparar uma nova mobilização, de forma a responder às perdas de soldados.

A posição da Rússia tem sido de manter-se na defensiva, contruindo bunkers, minando campos, desenvolvendo fossos antitanque e outras estruturas para impedir ou atrasar avanços ucranianos.

Por outro lado, os equipamentos e armamento fornecidos recentemente pelos aliados à Ucrânia são feitos precisamente para ultrapassar este tipo de obstáculos.

Na fuga de informações do Pentágono, é descrito que esta eventual ofensiva de ‘Dia D’ não seria um golpe fatal para a Rússia, mesmo que a Ucrânia conseguisse cortar o corredor para a Crimeia, mas é certo que Washington também não acreditava que Kiev resistisse duas semanas à invasão russa, o que mais de um ano continua a acontecer.

Mas há sempre um ponto a favor da Ucrânia, o fator surpresa, já que não foi divulgado o dia, onde e de que forma a ‘tempestade de ferro’ de uma contraofensiva ucraniana vão ocorrer. Outro aspeto em ter a consideração: para assumir uma posição defensiva é preciso pelo menos três vezes mais soldados do que numa de trincheiras.

Por parte da Ucrânia, o país já encomendou centenas de balões gigantes em forma de tanques, e outro veículos de guerra, que são indistinguíveis a partir do ar, com o objetivo de confundir os satélites russos.

A estratégia de confundir a Rússia parece que será o caminho a seguir nessas 24 horas decisivas, sendo expectável o lançamento de várias operações em simultâneo, para brigar o invasor a divergir esforços, parecido com o que foi feito em Krarkiv e que permitiu a libertação de Kherson.

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