Ucrânia necessita de mais do que um arsenal de 30 mil milhões de dólares para ter sucesso na contraofensiva, sustentam analistas

A Ucrânia dispõe de mais de 30 mil milhões de dólares (27,3 mil milhões de euros) em armamento recém-fornecidos pelos aliados ocidentais para lançar a sua contraofensiva. As tropas de Kiev vão utilizar este equipamento, que tem sido entregue desde dezembro e que custam mais do que os gastos militares de qualquer membro da NATO, à exceção dos Estados Unidos, gasta num ano. Mas será suficiente?

Um avanço semelhante à ofensiva da Ucrânia em Kharkiv pode ajudar a encerrar rapidamente uma invasão que interrompeu os mercados de energia e grãos, alimentando crises de custo de vida em todo o mundo. No entanto, desta vez, o elemento crítico de surpresa pode ser mais difícil de alcançar contra um exército russo maior e mais bem preparado.

E para ter sucesso, a Ucrânia vai precisar de executar uma complexa operação de armas combinadas, sem a vantagem da superioridade aérea, para a qual poucos militares no mundo têm o treino necessário – ou seja, segundo revelou a ‘Bloomberg’, significa coordenar infantaria, blindados, engenheiros de combate e defesa aérea para maximizar o impacto dos mais de 200 tanques, 300 veículos de combate de infantaria e outras armas que a Ucrânia recebeu desde dezembro.

Os comandantes ucranianos minimizaram as expectativas e têm pedido repetidamente mais armas, incluindo defesas aéreas e mísseis de longo alcance. “Nenhum exército jamais acredita estar suficientemente bem equipado para fazer o que é necessário”, revelou Mark Cancian, ex-coronel da Marinha dos EUA e agora assessor que do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, em Washington. “É a natureza dos militares.”

Para a Ucrânia, o futuro vai depender de fatores que vão muito além do equipamento, incluindo treino, inteligência e se pode continuar a bloquear a força aérea superior da Rússia, apontaram já vários analistas militares. “As armas combinadas são a Fórmula 1 das operações militares”, apontou Franz-Stefan Gady, consultor sénior do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, com sede em Londres.

Se a Ucrânia conseguir apenas ganhos marginais, isso pode levar a outro impasse de inverno e aumentar a pressão sobre Kiev para que desista de reconquistar o território e chegue a acordo para um cessar-fogo. O Ocidente mantém-se otimista. “Estou confiante de que terão sucesso em recuperar mais do que o seu território”, sustentou o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken.

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