Ucrânia: Kiev ativa mecanismos internacionais sobre nova arma russa e pede resposta imediata
A Ucrânia já informou os seus aliados e vai ativar mecanismos na ONU, na NATO e na OSCE sobre a utilização de um novo tipo de arma intercontinental russa e pediu ações internacionais imediatas e sistemas de defesa antiaérea.
“O Ministério dos Negócios Estrangeiros já tomou uma série de medidas políticas e diplomáticas, incluindo contactar os nossos parceiros para os informar sobre o que aconteceu e o que sabemos neste momento”, indicou à imprensa o porta-voz da diplomacia de Kiev, Georhii Tykhyi, citado pela agência Ukrinform, a propósito da alegada utilização pela Rússia de um míssil intercontinental, hoje em Dnipro, no centro do país.
O porta-voz informou que a Ucrânia “já está a ativar mecanismos da ONU e mecanismos da NATO” e planeia ainda envolver a OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa).
Tykhyi acrescentou que, além dos apelos e notas formais, a Ucrânia espera a convocação de formatos separados para “acordar o mundo e chamar a atenção” para esta escalada russa do conflito.
“Se a utilização de um míssil balístico intercontinental se confirmar, acreditamos que será possível afirmar que a Rússia se degradou ao nível da Coreia do Norte, que lança regularmente tais mísseis, assustando os seus vizinhos e aterrorizando o mundo”, observou.
Segundo a Ukrinform, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano instou a comunidade global e todos os líderes que respeitam a Carta da ONU a responderem imediatamente ao uso deste novo tipo de arma pela Rússia, sem esperar por conclusões detalhadas de especialistas, e a mostrarem a rejeição destas ações.
“Além de declarações, precisamos de ações concretas por parte dos nossos parceiros e aliados para proteger vidas humanas, fortalecendo especificamente o escudo aéreo sobre a Ucrânia, dotando a Ucrânia de sistemas capazes de intercetar este tipo de mísseis. Estes sistemas existem no mundo, e é tempo de os transferir para a Ucrânia”, apelou Tykhyi.
Segundo a Força Aérea ucraniana, o míssil balístico intercontinental foi disparado contra Dnipro juntamente com outros oito mísseis, e seis foram intercetados.
Duas pessoas ficaram feridas na sequência do ataque e uma instalação industrial e um centro de reabilitação para pessoas com deficiência ficaram danificados, de acordo com as autoridades locais.
Depois do bombardeamento, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, descreveu a Rússia como “o vizinho louco” que está a usar a Ucrânia como “campo de testes”.
Para o líder ucraniano, o ataque sem precedentes mostra “o quão assustado está” o Presidente russo, Vladimir Putin.
O Centro de Comunicação do Exército ucraniano observou nas redes sociais que a Ucrânia é “o primeiro país do mundo” contra o qual foi disparado um míssil balístico intercontinental.
A mensagem publicada nas redes sociais X e Telegram acrescentava que o Exército ucraniano está a fazer todo o possível “para que a Rússia não fique na história, exceto pelos seus próprios crimes”.
A confirmar-se a utilização sem precedentes em quase três anos de conflito deste míssil, mesmo sem uma ogiva nuclear, tal manobra por parte de Moscovo constituiria uma escalada significativa da guerra e das tensões entre a Rússia e o Ocidente.
Os mísseis intercontinentais, que podem percorrer milhares de quilómetros, fazem parte do arsenal de dissuasão nuclear e são testados regularmente na Rússia.
A sua utilização não foi confirmada nem negada por Moscovo, que desde há vários dias tem vindo a usar uma retórica cada vez mais belicosa devido ao lançamento pela Ucrânia de mísseis norte-americanos e britânicos contra o território russo.