Ucrânia já tem quatro mil reclusos retirados das prisões a combater contra a Rússia na frente de guerra

Cerca de quatro mil ucranianos condenados, libertados antecipadamente das prisões ucranianas em troca de servirem nas frentes de combate, estão atualmente a lutar no exército da Ucrânia. A revelação foi feita na segunda-feira por uma das deputadas que promoveu a lei que permite a esta opção.

A deputada Iryna Shuliak, do partido do presidente ucraniano Volodímir Zelenski, Servidor do Povo (Sluga Narodu), afirmou que até ao momento, 3.823 condenados já saíram das prisões para se alistar no exército. Segundo Shuliak, as autoridades estimavam entre 5.000 e 10.000 o número total de presos comuns que poderiam ser recrutados sob esta nova legislação. “A proteção do Estado exige mais pessoas”, declarou a deputada, manifestando esperança de que mais condenados se juntem aos quase quatro mil que já estão no campo de batalha.

A lei, aprovada pelo Parlamento ucraniano em maio deste ano, permite a libertação antecipada de condenados que se alistem voluntariamente no exército, com a condição de que os crimes cometidos não envolvam múltiplos homicídios ou delitos graves como violação. A solicitação para esta forma de liberação deve ser aprovada pelo sistema judicial. Uma vez integrados no exército, os condenados recebem o mesmo salário e benefícios que os outros soldados.

A medida visa aumentar o número de soldados no frente de combate, em um esforço para reduzir a disparidade de pessoal em relação às forças russas. Especialistas apontam que este déficit de efetivos pode ser um dos fatores que contribuem para as perdas de território da Ucrânia na frente de guerra.

Em contraste, na Rússia, nove presos que haviam se alistado nas forças armadas para lutar na Ucrânia desertaram de um campo militar. O canal de Telegram Belpel divulgou a ordem de busca e captura emitida pela polícia russa, informando que os desertores estavam a receber treinamento militar no distrito Korachanski, na região de Bélgorod, próxima à fronteira com a Ucrânia.

Os presos fugitivos haviam sido condenados por vários crimes, incluindo homicídio, lesões graves, sequestro, roubo, estafa e posse de drogas. A polícia ofereceu uma recompensa de 100.000 rublos, aproximadamente 1.150 dólares, por informações que levem à captura dos desertores.

Em novembro de 2022, o presidente russo, Vladímir Putin, promulgou uma lei que autorizava a mobilização de presos. Segundo Yevgueni Prigozhin, ex-líder do Grupo Wagner, cerca de 50.000 presos foram recrutados para combater na Ucrânia, com a promessa de indulto após seis meses de serviço. Prigozhin, que faleceu em agosto de 2023 em um acidente de avião com circunstâncias ainda não esclarecidas, havia liderado uma insurreição contra a liderança militar russa que foi rapidamente abortada.

A prática de recrutar condenados tem gerado preocupações quanto ao aumento de crimes cometidos por ex-presidiários que receberam indulto para lutar na Ucrânia. Em junho passado, a deputada russa Nina Ostánina alertou para a morte de uma menor de idade às mãos de um ex-condenado e chamou as autoridades a “assumir a responsabilidade de proteger os cidadãos de criminosos como este”, pedindo um “controle constante” e assistência na reintegração laboral dos indultados.

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