Ucrânia e Coreia do Sul são “cães maus criados pelos EUA”: Irmã de Kim Jong Un desmente envio de tropas e ameaça com armas nucleares

Kim Yo Jong, irmã do líder norte-coreano Kim Jong Un, lançou duras críticas à Ucrânia e à Coreia do Sul nesta terça-feira, em resposta às recentes acusações de que Pyongyang estaria a enviar tropas para apoiar a Rússia na guerra contra a Ucrânia. Kim referiu-se aos dois países como “cães maus criados pelos EUA” e ameaçou com o uso de armas nucleares, numa declaração que intensifica as tensões regionais.

Numa mensagem divulgada pela Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA), Kim Yo Jong advertiu que qualquer “provocação militar contra um Estado com armas nucleares” pode desencadear uma situação “horrível” e “inimaginável”. A irmã do ditador norte-coreano condenou duramente as declarações de Kiev e Seul, referindo-se a elas como “observações imprudentes” sobre os Estados que possuem armas nucleares — uma condição que sublinhou repetidamente em relação à Coreia do Norte.

Kim não poupou críticas, descrevendo tanto a Ucrânia quanto a Coreia do Sul como “lunáticos” que estão a arriscar a “destruição de toda a escória”. “Ninguém sabe como a nossa retaliação e vingança serão concretizadas,” acrescentou, deixando no ar uma ameaça velada de retaliação severa.

As declarações de Kim Yo Jong surgem após relatos provenientes de Kiev e Seul de que a Coreia do Norte estaria a enviar cerca de 10.000 soldados para se juntarem às forças russas no conflito com a Ucrânia. Bloggers militares pró-Kremlin, segundo estas informações, teriam inclusive filmado tropas norte-coreanas numa base militar na Rússia, corroborando os relatos.

Tanto a Ucrânia como a Coreia do Sul afirmam que Pyongyang aumentou a sua cooperação militar com Moscovo desde que o líder norte-coreano Kim Jong Un e o presidente russo Vladimir Putin assinaram um tratado de parceria estratégica em junho. Esta aliança reforçada entre os dois países tem gerado preocupação na comunidade internacional, dada a natureza dos regimes envolvidos e as implicações de um apoio militar direto de Pyongyang a Moscovo.

Reações da Ucrânia e da Coreia do Sul
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, abordou o apoio da Coreia do Norte à Rússia, associando-o a uma motivação financeira. “Acho que a Coreia do Norte é muito pobre. Eles enviarão o seu povo para a frente de batalha. Para ser sincero, já avistámos oficiais e pessoal técnico nas zonas temporariamente ocupadas,” disse Zelensky a vários repórteres em Kiev, na segunda-feira.

Zelensky também sugeriu que Pyongyang teria enviado inicialmente oficiais para avaliarem a situação e, posteriormente, despachado contingentes militares. “Acho que enviaram os oficiais porque eles perceberiam primeiro o que está a acontecer e depois enviariam o contingente. Falo da questão da linguagem. Penso que estas são dificuldades sérias,” acrescentou o líder ucraniano, sublinhando os desafios de comunicação e coordenação no terreno.

Entretanto, Hwang Joon-kook, o representante permanente da Coreia do Sul nas Nações Unidas, levantou a hipótese de que, para além do dinheiro, a Rússia poderia estar a compensar a Coreia do Norte com tecnologias de armamento nuclear em troca do seu apoio na guerra.

Apesar das acusações, a Coreia do Norte negou firmemente qualquer envolvimento direto no conflito, classificando os relatos como “rumores infundados”. Esta foi a posição oficial emitida na terça-feira, num esforço para distanciar Pyongyang das acusações internacionais.

Já o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, ao ser questionado sobre o assunto, não confirmou nem desmentiu as alegações. Peskov afirmou que a Rússia tem o direito de cooperar com a Coreia do Norte, sublinhando que essa cooperação “não é dirigida contra terceiros países”, uma afirmação que, embora vaga, sugere a possibilidade de continuação dos laços militares entre Moscovo e Pyongyang.

Ler Mais





Comentários
Loading...