Ucrânia: Drones feitos em Portugal ajudam tropas de Kiev a destruir 1100 milhões de euros em equipamento militar russo

Os equipamentos desenvolvidos pela empresa portuguesa Tekever, fundada por ex-alunos do Instituto Superior Técnico (IST), têm sido fundamentais para detetar movimentações do exército russo a longas distâncias e identificar potenciais alvos a serem destruídos. Esta contribuição tem sido destacada pelo ministro da Defesa britânico, Grant Shapps, que revelou que os drones de reconhecimento fornecidos pelo Reino Unido, incluindo os da Tekever, destruíram cerca de 1100 milhões de euros em equipamento militar russo.

“Os nossos parceiros ucranianos estimam, de forma conservadora, que os drones britânicos destruíram esse valor em equipamento russo,” afirmou Shapps durante o Ukrainian Drone Defence Forum, em Londres, na segunda-feira.

Desde o início da invasão russa à Ucrânia em fevereiro de 2022, o Reino Unido já enviou mais de quatro mil drones para apoiar a defesa ucraniana. Estes incluem mais de 30 tipos diferentes de aeronaves, com capacidades diversas, num pacote de apoio que já ultrapassou os 500 milhões de euros. O governo britânico planeia aumentar esta ajuda em 380 milhões de euros ao longo do próximo ano.

Entre os veículos enviados, destaca-se o AR3, um drone de pequenas dimensões desenvolvido e fabricado em Portugal. Este drone é capaz de operar em ambientes saturados de instrumentos de guerra eletrónica e realizar vigilância a longa distância. Com uma autonomia de 16 horas, os AR3 têm permitido à Ucrânia monitorizar as movimentações do exército russo e identificar alvos para destruição.

“O AR3 é um sistema que foi desenvolvido para ser extremamente flexível no terreno. Estes sistemas conseguem trazer para uma dimensão muito reduzida – são sistemas ainda assim bastante pequenos – um grande conjunto de capacidades,” explicou Ricardo Mendes, CEO da Tekever, à CNN Portugal.

A Tekever, inicialmente criada como uma empresa de software ligada à inteligência artificial, destaca-se pelo contínuo desenvolvimento de soluções baseadas em inteligência artificial. Esta tecnologia permite que os drones da Tekever continuem a operar mesmo sob interferência de equipamentos de guerra eletrónica, mantendo-se no ar e cumprindo a sua rota independentemente da perda de sinal com o operador.

“Um fator-chave para o sucesso dos nossos sistemas na Ucrânia é a sua capacidade de serem constantemente atualizados em resposta à evolução das necessidades no terreno, mesmo em ambientes congestionados [por sistemas de guerra eletrónica],” declarou a empresa numa publicação nas redes sociais.

Os equipamentos da Tekever são exclusivamente dedicados à vigilância. Ricardo Mendes garantiu que a empresa não tem intenção de alterar o seu foco para desenvolver produtos de natureza militar, apesar dos elogios recebidos pelos seus drones junto dos soldados ucranianos. “A nossa cooperação tem tido um impacto incrível no campo de batalha,” acrescentou Grant Shapps.

Este ano, a Tekever revelou um novo produto, o ARX, um sistema capaz de coordenar enxames de drones. Previsto para estar disponível em 2025, o ARX promete “reforçar significativamente as capacidades de vigilância e de salvamento de vidas humanas, tanto em organizações civis quanto militares,” com maior autonomia, velocidade, capacidade de transporte de tecnologia e capacidade de captar mais informação.

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