Tupperware apresenta falência: 200 trabalhadores têm futuro em xeque após fábrica em Portugal ter suspendido produção

A Tupperware suspendeu a produção da fábrica de Montalvo, em Constância, no passado dia 12, para alegadamente reduzir o stock em armazém. Cinco dias volvidos, Laurie Ann Goldaman, CEO da empresa, anunciou em videochamada aos trabalhadores de todas as unidades a nível mundial que a multinacional ia entrar em falência, salientando que iria tentar encontrar investidores para darem continuidade à atividade da empresa. Em Portugal, destacou esta segunda-feira o ‘Diário de Notícias’, a apreensão dos 200 trabalhadores em Portugal, com o futuro ameaçado, é notória.

Na fábrica de Montalvo, deixou de haver tranquilidade e passou a haver medo, com o eventual fecho da unidade de produção a tornar-se tema de conversa diário na empresa. De acordo com um trabalhador, que falou na condição de não ser identificado devido a receios de represálias, a CEO revelou que “tinham de fechar em alguma zona da Europa”, sem indicar se se trataria de Portugal se da Bélgica. “Todas as pessoas, inclusivamente os chefes, foram apanhadas de surpresa e ficaram nervosas. Se declararam falência, como é que isto fica? Tenho filhos, vou ter de arranjar outro trabalho.”

A maior preocupação está nos operários com entre 40 e 50 anos, por receio de não encontrarem emprego devido à idade. Se a fábrica fechar, todos serão afetados. “Com filhos, casas, carros e contas para pagar, se não tiverem mais rendimentos torna-se muito complicado”, indicou. “Podiam dizer-nos que a partir de determinado mês já não há nada, para podermos procurar trabalho.” “Vamos para onde? O que é que vamos fazer agora?”, questionou o operário. “Não temos idade para nos reformarmos, mas, se calhar, não vão dar emprego aos mais velhos. Além de que o mercado está como está.”

A funcionar 24 horas, de segunda a sexta-feira, a fábrica de injeção de plástico recebeu ordens para parar a parte da produção no passado dia 12. De acordo com os trabalhadores, os fornecedores continuam a entregar matéria-prima, porque a empresa só terá dívidas à banca. “A explicação que nos deram foi que era para escoar a parte do armazém para baixar o stock. Só que a empresa trabalha com retails e supermercados e tem contratos a cumprir, pelo que tem de meter as máquinas a trabalhar.”

Neste momento, estima-se que cerca de 80% dos trabalhadores da fábrica de Montalvo sejam efetivos. Os restantes 20% têm contratos temporários, mas apenas até dia 30 de setembro. “Há dois anos despediram pessoas. Foi um processo um bocado estranho.” A maioria dos efetivos recebe o ordenado mínimo ou um valor um pouco superior, determinado pelas categorias e pelas funções que exercem.

“A câmara municipal irá ajudar a que os direitos sejam respeitados através do pagamento de indemnizações e através da atribuição de apoios sociais às famílias”, prometeu Sérgio Oliveira. “Mas os apoios mais robustos têm de partir do Governo.”

Paulo Garcês, presidente da Junta de Freguesia de Constância, também está preocupado com o futuro da Tupperware. “As pessoas com quem falei ainda não sabem se fecha ou não fecha, mas estão com medo de não conseguirem arranjar outro emprego. Sobretudo as que têm mais de 50 anos. Alguns vão de boleia com colegas, porque nem sequer têm carta de condução.” No entanto, “as pessoas ainda têm esperança de que, à semelhança do que se ouviu há uns tempos, em que se falava em fechar a fábrica e depois começou a laborar com mais força, este seja apenas mais um momento difícil”.

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