Trump garante que salvou 51 milhões de empregos durante a pandemia. Economistas dizem o contrário
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse ter salvo mais de 50 milhões de empregos. Numa conferência de imprensa no seu clube de campo em Bedminster, New Jersey, Trump abordou a forma como a sua administração tem lidado com as consequências económicas da pandemia – um argumento central durante a campanha para a sua reeleição.
“Através do pacote histórico de ajuda que assinei, salvámos mais de 50 milhões de empregos americanos”, disse. E, referindo-se aos seus opositores democratas, acrescentou: “Eles não gostam deste tipo de números porque pensam que isso os prejudicará nas eleições”.
A estimativa de que o Programa de Protecção de Pagamentos (PPP) – financiado pelos contribuintes, no valor de 660 mil milhões de dólares – salvou cerca de 51 milhões de postos de trabalho foi feita pelo Partido Republicano, pelos líderes do Congresso e pela campanha de reeleição de Trump.
No entanto, o PPP não terá salvo os 51 milhões de empregos que Donald Trump mencionou, de acordo com entrevistas feitas pela agência Reuters a economistas e de acordo com uma análise dos dados do Programa.
Neste sentido, alguns economistas estimam que o número de postos de trabalho ‘economizados’ pela iniciativa varia apenas entre 1 e 14 milhões.
“Não creio que haja um economista que diga que o Programa salvou 50 milhões de empregos”, disse à Reuters Richard Prisinzano, que foi economista financeiro no Departamento do Tesouro dos Estados Unidos durante 13 anos antes de abandonar o cargo, em 2017.
A estimativa aproximada de Prisinzano situa-se entre os 5 e os 7 milhões de postos de trabalho economizados, com base nos seus próprios ajustamentos ao trabalho desenvolvido por outros investigadores no MIT e em outros institutos.
Também em entrevistas com a Reuters, oficiais do Departamento do Tesouro e da Administração de Pequenas Empresas (SBA, na sigla em inglês), que supervisionam o PPP, disseram que os 51 milhões se referem ao número total de trabalhadores reportados pelas empresas aprovadas para um empréstimo – e não ao número de postos de trabalho que foram salvos.