Trump de volta à Casa Branca: Do controlo de fronteiras ao aborto e às armas, as seis medidas que definem o novo mandato

Após uma vitória esmagadora nas eleições presidenciais, Donald Trump assume novamente o cargo de Presidente dos Estados Unidos com promessas de mudança. No discurso de celebração no centro de convenções de West Palm Beach, Florida, Trump assegurou aos seus apoiantes que liderará o país em direção a uma “nova era dourada”. Com a vitória, também veio o controlo do Senado, o que fortalece o poder do novo presidente para implementar mudanças substanciais em várias áreas, desde a imigração até à política externa. Abaixo, fique a conhecer as seis medidas que vão definir o mandato do novo presidente dos EUA, que regressa à Casa Branca quatro anos depois.

Imigração e controlo de fronteiras

A promessa de endurecimento nas políticas migratórias é um pilar do programa de Trump, com foco num controlo rigoroso das fronteiras. No seu discurso de vitória, Trump destacou a intenção de “fechar as fronteiras”, o que implica a reativação do projeto de construção de um muro fronteiriço com o México, além de novas medidas contra a imigração ilegal. Durante a campanha, o agora presidente reeleito sugeriu a possibilidade de expandir o uso da Guarda Nacional e de forças de segurança locais para deportar imigrantes em situação irregular, concentrando-se em estrangeiros considerados criminosos.

Outro ponto sensível que Trump traz de volta é o conceito de campos de deportação para acelerar o processo de expulsão de imigrantes, uma medida que já havia sido ventilada em abril. Na primeira presidência, Trump havia iniciado a construção de 725 quilómetros de muro, mas grande parte desse comprimento serviu para substituir barreiras em mau estado. A expansão enfrenta desafios, uma vez que muitos terrenos ao longo da fronteira estão em áreas de propriedade privada ou ambientalmente protegidas.

Livre acesso às armas

Trump reforçou a sua aliança com a Associação Nacional de Armas (NRA), prometendo proteger o direito constitucional de posse de armas, consagrado na Segunda Emenda. Desde o início da sua primeira presidência, Trump posicionou-se como defensor ferrenho do direito ao porte de armas e declarou ser “o maior defensor” dos direitos armados nos Estados Unidos. Durante a campanha, assegurou que as restrições aos armamentos não irão avançar sob a sua liderança, mas que os regulamentos existentes serão aplicados de maneira rigorosa.

Aborto e reformas na saúde

Quanto ao aborto, Trump mantém a sua posição conservadora. Foi responsável pela nomeação de juízes que decidiram pelo fim da proteção federal ao direito ao aborto com a revogação do caso Roe v. Wade. O novo presidente defende uma proibição a nível federal para abortos após as 20 semanas de gravidez, mas permite que cada estado estabeleça as suas próprias regulamentações sobre o tema. Trump continua também contrário ao uso de fundos públicos para custear abortos.

Na saúde pública, Trump busca reformar a Lei de Assistência Acessível (ACA), um marco da administração Obama, cujo propósito era ampliar o acesso ao seguro de saúde. Durante o primeiro mandato, eliminou a penalidade que impunha uma multa a quem não possuía seguro e flexibilizou regulamentos, promovendo um enfoque no mercado privado. Contudo, a posição atual de Trump é menos agressiva, expressando agora o desejo de apenas modificar a ACA para torná-la “mais eficaz” em vez de eliminá-la.

Políticas de energia e clima

No campo da energia, Trump promete impulsionar os combustíveis fósseis, com o lema “Perfurar, perfurar, perfurar”, e critica abertamente as políticas ambientais da administração democrata, as quais denomina como “Novo Acordo Verde da esquerda radical”. Durante a sua primeira administração, retirou os Estados Unidos do Acordo Climático de Paris e pode vir a repetir o ato, cortando regulamentações ambientais que considera um entrave ao desenvolvimento dos recursos energéticos do país. Além disso, promete revogar as políticas que incentivam o uso de veículos elétricos, enfatizando que a indústria automobilística americana será melhor servida com os carros movidos a combustíveis fósseis, os quais considera mais confiáveis.

Política externa: alianças e conflitos

Em política externa, Trump reforçou o compromisso de evitar novos conflitos militares, afirmando que não iniciará guerras, mas as “terminará”. Na sua campanha, prometeu encerrar rapidamente a guerra na Ucrânia, assegurando que, se estivesse no poder, o conflito entre Rússia e Ucrânia teria uma resolução em “24 horas”. No entanto, ainda não especificou qual seria o seu plano concreto, alegando que pretende proteger “suas cartas” de negociação.

Em relação ao conflito entre Israel e Gaza, Trump mostrou-se veemente ao afirmar que o ataque de outubro do Hamas a Israel nunca teria ocorrido sob a sua liderança. Trump historicamente manteve uma postura pró-Israel, fortalecendo o apoio a Benjamin Netanyahu e distanciando-se das questões humanitárias relacionadas ao povo palestiniano.

A relação com a China também é uma prioridade na agenda do novo presidente. Trump indicou que aplicará tarifas de pelo menos 60% sobre produtos chineses, como forma de proteção da economia americana. Em entrevistas, afirmou que também bloqueará a China de adquirir infraestruturas críticas nos Estados Unidos, além de limitar a importação de tecnologias avançadas e de segurança.

Economia e fiscalidade

Trump sinaliza cortes de impostos abrangentes, incluindo uma redução na taxa de tributação sobre as empresas para 15% e isenções fiscais sobre propinas, horas extra e benefícios da Segurança Social. O presidente também tem a intenção de prolongar os cortes de impostos que aprovou em 2017 e que estão prestes a expirar. Esses planos visam fomentar o crescimento económico, reduzindo a carga fiscal sobre os trabalhadores e promovendo a competitividade das empresas.

Com o regresso à Casa Branca, Trump inicia uma nova etapa marcada por políticas ambiciosas e pelo seu compromisso em atender as demandas de uma base de eleitores que deseja um retorno à era do “America First”. A vitória republicana indica uma fase de mudança substancial, com Trump a prometer uma transformação profunda nos Estados Unidos em áreas que vão desde a imigração até ao combate às alterações climáticas, com o desafio de enfrentar uma sociedade polarizada e um cenário global instável.

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