Triplo homicídio em Lisboa: Suspeito recebeu dinheiro para o ajudar a fugir. Amigo de barbeiro assassinado conseguiu escapar ileso

O triplo homicídio em Lisboa, na zona de Penha de França, que chocou o País na passada terça feira continua a ser investigado pelas autoridades e vão sendo conhecidos novos contornos e detalhes sobre o crime e sobre o principal suspeito de ter abatido as três vítimas mortais a tiro.

Fernando Silva, conhecido no bairro como “Nando”, matou três pessoas, entre elas um barbeiro, o taxista Bruno Neto e a sua mulher, Fernanda Júlia, que se encontrava grávida. Após os crimes, o suspeito fugiu com a ajuda de familiares e permanece em fuga, com a Polícia Judiciária no seu encalço.

Segundo testemunhas ouvidas pelo Correio da Manhã, Fernando teve tempo para se encontrar com a sua mulher, grávida, e as suas duas filhas menores, antes de se pôr em fuga. Depois de cometer os homicídios, foi visto a abandonar o local a pé, dirigindo-se ao encontro do pai, que o aguardava num jipe Land Rover verde. Antes de fugirem, um outro familiar entregou a Fernando um maço de notas, e uma vizinha ouviu alguém gritar “Foge”. Tanto o pai de Fernando como a mãe, que também os acompanhava, desapareceram juntamente com o homicida e o veículo ainda não foi localizado.

Tensão no bairro e ameaças de vingança
O ambiente no bairro rapidamente se tornou explosivo após o triplo homicídio. Durante a noite de quarta-feira, dois carros pertencentes à família de Fernando foram incendiados, e testemunhas relataram promessas de vingança contra os familiares do suspeito. “O bairro está a ferro e fogo”, afirmou um residente, enquanto as autoridades tentam manter a calma.

Apesar do aumento da presença policial, o bairro continua a ser um ponto de visita para aqueles que desejam prestar homenagem às vítimas. Velas e flores têm sido deixadas à porta da barbearia onde Carlos Pina, o barbeiro assassinado, trabalhava. Muitos choram a perda das vidas, sobretudo da jovem grávida, cujo destino trágico comoveu toda a comunidade.

Um quarto alvo que escapou com vida
O ataque, contudo, poderia ter feito uma quarta vítima. No momento do crime, um amigo de Carlos Pina encontrava-se dentro da barbearia, mas conseguiu escapar ileso aos disparos. Segundo fontes ouvidas pelo Jornal de Notícias, quando Fernando entrou na barbearia “Granda Pente”, pediu para ser atendido por Pina. Este, no entanto, recusou-se, sugerindo-lhe que voltasse após o almoço. Em resposta, o suspeito sacou de uma pistola e disparou contra o barbeiro, matando-o. A seguir, numa tentativa de eliminar testemunhas, apontou a arma para o cliente presente, que, “milagrosamente”, não foi atingido e conseguiu fugir.

A tragédia, porém, não se limitou ao interior da barbearia. Na rua, Bruno Neto, taxista, e a sua mulher, Fernanda Júlia, estavam a aguardar para lavar o táxi quando ouviram o som dos disparos e se aproximaram da montra. Infelizmente, foram surpreendidos pelo atirador a sair da barbearia e acabaram mortos a tiro. As balas, disparadas com precisão, ceifaram as suas vidas apenas porque estavam no local errado à hora errada.

Investigação em curso
A Polícia Judiciária de Lisboa, responsável pela investigação, continua a procurar ativamente Fernando Silva e os seus familiares, que permanecem desaparecidos. Acredita-se que o crime tenha sido impulsivo, embora as autoridades estejam a explorar possíveis desavenças antigas entre Fernando e Carlos Pina.

Fernando, que é acompanhado por psiquiatria no Hospital Júlio de Matos, devido a traços de esquizofrenia, poderá ter agido num surto de fúria. Os investigadores consideram que a simples recusa de Pina em atendê-lo terá sido o gatilho para o ato violento que culminou no triplo homicídio.

Ainda no rescaldo dos acontecimentos, a mulher de Fernando foi vista a recolher a filha mais velha na escola, levando-a para um destino desconhecido. “A polícia esteve cá a perguntar pela menina, mas dissemos que não voltou. A mãe veio buscá-la a correr e só disse que tinha pressa. Não explicou o que tinha acontecido”, contou uma moradora.

As autoridades mantêm uma vigilância constante na área, enquanto se multiplicam os esforços para localizar o homicida e os seus familiares. Com a tensão ainda presente no bairro, as autoridades temem represálias e continuam a tentar evitar que a situação se agrave.

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