Tribunal de Moscovo acusa quatro suspeitos de “ataque terrorista”. Ficam em preventiva

O Tribunal distrital de Basmanny, em Moscovo, determinou este domingo as medidas de coação para quatro dos suspeitos do ataque à sala de espetáculos Crocus City Hall – um grande complexo comercial na periferia de Moscovo – que vitimou 182 pessoas.

“Dalerdzhon Barotovich Mirzoyev, Shamsidin Fariduni, Muhammadsobir Fayzov e Saidakrami Murodali Rachabalizoda são acusados nos termos da parte 3, alínea “b” do artigo 205 do Código Penal russo (um ataque terrorista cometido por um grupo de pessoas e que implica mortes)”, disse o tribunal citado pela Agência de notícias TASS.

Três destes quatro homens, de acordo com a Associated Press, admitiram a culpa em tribunal.

Os suspeitos, cidadãos do Tajiquistão, vão ficar em prisão preventiva por dois meses, até serem julgados e arriscam prisão perpétua.

Até ao momento, as forças de segurança detiveram 11 pessoas relacionadas com o ataque, das quais quatro participaram pessoalmente no atentado, segundo as autoridades russas.

O ataque, reivindicado por um grupo filiado no movimento ‘jihadista’ Estado Islâmico (EI), foi o mais mortífero em solo russo os últimos anos.

O número de mortos no ataque aumentou para 182, incluindo três crianças, anunciaram hoje investigadores russos, referindo que foram encontradas armas e munições no local.

“A identificação dos corpos das vítimas está em curso. Atualmente, os corpos de 182 pessoas, incluindo três crianças, foram encontrados no local do ataque terrorista”, afirmou o comité russo de investigação russo, em comunicado.

“Até ao momento, foram identificados 62 corpos e estão a ser realizados exames genéticos para estabelecer a identidade” de outras vítimas, indicou a mesma fonte.

O Departamento de saúde da região de Moscovo indicou ainda que 101 pessoas permanecem internadas, 61 recebem tratamento ambulatório e 20 tiveram alta.

O anterior balanço, divulgado no sábado, apontava para 137 pessoas mortas no ataque na sexta-feira contra a sala de concertos Crocus City Hall, a cerca de 20 quilómetros do centro de Moscovo, das quais as autoridades russas tinham já identificado 29.

A Rússia vive hoje um dia de luto nacional pelas vítimas deste ataque nos arredores de Moscovo. Desde o início do dia que os cidadãos levam flores ao local do ataque, na cidade de Krasnogorsk, com as bandeiras russas em todas as instituições estatais a meia haste.

O ataque foi reivindicado pelo Estado Islâmico (EI) e condenado pelo Presidente russo, Vladimir Putin, que o denominou de ato terrorista “bárbaro e sangrento” e apelou à vingança.

Embora não tenha especulado sobre os autores intelectuais do ataque, sugeriu que quatro dos detidos tentavam cruzar a fronteira para a Ucrânia, que, segundo o líder russo, tentou criar uma “janela” para ajudá-los a escapar.

As autoridades ucranianas negaram qualquer envolvimento no ataque e uma fonte da inteligência dos Estados Unidos da América disse à Associated Press que as agências norte-americanas confirmaram que o grupo era responsável pelo ataque.

O Serviço Federal de Segurança (FSB) russo relatou a detenção de 11 cidadãos alegadamente ligados ao atentado, entre os quais os quatro terroristas que terão perpetuado diretamente o ataque.

Segundo comunicado do EI, o ataque de sexta-feira insere-se no contexto da “guerra violenta” entre o grupo e “os países que lutam contra o Islão”.

Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido e diversos outros países e organizações internacionais condenaram o atentado.

Também a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) condenou “inequivocamente” o ataque de sexta-feira nos arredores de Moscovo, reivindicado pelo EI, entidade qualificada pela Casa Branca como um “inimigo terrorista comum”.

Ler Mais