Transnístria pede proteção a Moscovo e pode avançar para referendo de anexação formal à Rússia
Autoridades pró-Rússia na região da Transnístria, no leste da Moldávia, pediram esta quinta-feira ajuda de Moscovo devido “ao aumento da pressão” – o apelo surgiu na sequência de receios de que as tensões sobre o território possam abrir um novo ponto de conflito entre Putin com a vizinha Ucrânia.
O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW) alertou, este fim de semana, para a possibilidade de que esta região pudesse pedir para ser anexada oficialmente à Rússia. “A região separatista pró-russa da Transnístria pode convocar ou organizar um referendo sobre a anexação da Transnístria à Rússia no recentemente anunciado Congresso dos Deputados da Transnístria”, indicou.
O apelo foi aprovado num congresso especial da região, realizado esta quarta-feira. Agora, as autoridades locais devem pedir ao Conselho da Federação da Rússia e à Duma estatal “que implementam medidas para proteger a Transnístria face ao aumento da pressão da Moldávia”, relataram os media locais. O Governo moldavo terá desencadeado “uma guerra económica” na região, bloqueando importações cruciais e procurando transformá-la num “gueto”.
A Transnístria manteve segredo sobre o motivo da realização de um congresso especial, apenas o sétimo na sua história e o primeiro desde 2006 – nesse congresso, os deputados anunciaram um referendo sobre a integração com a Rússia, uma votação que resultou numa esmagadora maioria a favor.
“As decisões do atual congresso não podem ser ignoradas pela comunidade internacional”, salientou, na reunião, o ‘chefe da política externa’ da autodenominada república, Vitaly Ignatiev, sem no entanto indicar quais eram as decisões.
A medida é semelhante à que foi pedida pelas repúblicas separatistas ucranianas de Donetsk e Lugansk dias antes da invasão russa à Ucrânia.
“Não há perigo de escalada e de desestabilização da situação na região da Transnístria”, disse uma fonte do Governo moldavo.
O que é a Transnístria?
A pequena faixa de terra, principalmente de língua russa, está situada entre o rio Dniester e a fronteira com a Ucrânia, tendo-se separado unilateralmente da Moldávia após o colapso da União Soviética.
Os separatistas travaram uma guerra com o Governo pró-Ocidente da Moldávia em 1992, terminando com centenas de mortes e a intervenção do exército russo ao lado dos separatistas.
Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, a Moldávia teme que a Rússia possa usar a Transnístria para forçar a abertura de uma nova frente no sudoeste, em direção a Odesa.
Moscovo é acusado de tentar desestabilizar a Moldávia, que ganhou o estatuto de candidato oficial à adesão à União Europeia em junho de 2022.