Trabalhadores da CGD alertam Governo e parlamento para degradação de serviço público
A Comissão de Trabalhadores (CT) da Caixa Geral de Depósitos (CGD) está a levar a cabo iniciativas junto do Governo e grupos parlamentares, denunciando aquilo que diz ser o “incumprimento” da instituição no seu “dever de serviço público bancário”.
Num comunicado, hoje divulgado, a CT deu conta das “iniciativas que tomou junto de entidades governativas relativamente à situação do incumprimento da CGD no que concerne ao seu dever de serviço público bancário no respeito pela Carta de Missão a que está obrigada e à realidade da sua gestão desde 2016”.
A entidade referiu que “solicitou novas audiências institucionais relacionadas com o assunto ‘a coesão territorial do país e os incumprimentos da CGD’”, nomeadamente ao ministro da Coesão Territorial e Ordenamento do Território, “bem como a poderes autárquicos relacionados com esta temática”.
A CT disse que “teve como objetivo a informação fidedigna e completa das entidades institucionais sobre o assunto”, apontando os “indiscutíveis resultados consolidados da CGD”, algo que não “advoga a favor” de uma “gestão minimalista e até miserabilista das condições do serviço às populações, sobretudo do interior e das ilhas, cuja presença da CGD configura uma caricatura das reais necessidades do país”, salientou.
A CT foi recebida no dia 26 de setembro de 2024 pelo secretário de Estado da Coesão e Ordenamento do Território “onde pôde expor este grave assunto ao governante”, aguardando ainda por “resposta a pedido de audiência por parte da ANMP – Associação Nacional de Municípios e igualmente por parte da sua congénere ANF – Associação Nacional de Freguesias”.
O memorando elaborado pela CT apontou a redução drástica de agências e de trabalhadores.
“O quadro de trabalhadores na CGD foi alvo de redução drástica: passou de 10.083 em 2012 para 6.243 no final de 2023”, indicou, detalhando ainda que em 2010 o banco tinha 830 agências e em 2023 existem 461 agências e 30 extensões (491 locais de trabalho na área comercial presencial).
“Esta redução drástica e contínua muda de paradigma em 2024 por via de processos de transformação de agências, sem todas as capacidades operacionais, em locais de trabalho com parcas condições de atendimento e baseados nos automatismos de utilização pelo cliente” onde existem “défices de literacia e dificuldades de manuseamento destes meios”, adiantou.
A CT lembrou que alerta para os perigos das saídas “obsessivas” implementadas pela Comissão Executiva, “devido à cada vez maior exiguidade de trabalhadores, sobretudo na rede comercial presencial de agências”.
O organismo criticou também o novo paradigma de agências lançado pelo banco, chamadas NOMA SMART, “com quadro de um a três trabalhadores, sendo preocupante sobretudo o ‘lay-out’ de um único trabalhador com parecer negativo emitido pela CT e pelo GPS (Gabinete de Proteção e Segurança da CGD), evidenciando riscos de Saúde e Segurança no Trabalho (SST) e uma menorização do valor de serviço aos clientes”.
O documento fará parte de uma “exposição global da intervenção da CT” e continuará com audiências nas Comissões Parlamentares e a “expectável atenção” quer do ministro das Finanças, tutela da Caixa Geral de Depósitos, quer do primeiro-ministro, salientou.