The Giving Pledge: como os milionários pretendem ajudar o mundo

Warren Buffett doou recentemente 2,5 mil milhões de euros em ações da Berkshire Hathaway para quatro instituições de caridade familiar e para a Fundação Bill & Melinda Gates. No documento, a Berkshire Hathaway revela que esta é a 15ª doação de 2020 desde que começou a doar as suas ações da Berkshire em 2006. Quatro quintos das doações vão para a Fundação Gates e o resto para Fundação Susan Thompson Buffett. Em 2006, o investidor Warren Buffett lançou o projeto “The Giving Pledge”, juntamento com Bill e Melinda, que desafia outros multimilionários a doar as suas fortunas para boas causas. Recorde-se que em 2019, o “Oráculo de Omaha” voltou a dar o exemplo – anunciou uma doação de 3,17 mil milhões de dólares, cerca de 2,7 mil milhões de euros, a cinco fundações: Bill & Melinda Gates Foundation, à Susan Thompson Buffett Foundation, que se dedica à educação, à Sherwood Foundation, presidida pela sua filha, à Howard G. Buffett Foundation, liderada pelo filho do empresário, e ainda à NoVo Foundation. Segundo as contas, o multimilionário já terá doado 27,5 mil milhões de dólares, cerca de 23,4 mil milhões de euros.

Entre os que já aderiram ao projeto “The Giving Pledge” (além de Buffett) contam-se nomes como os de Bill e Melinda Gates, Michael Bloomberg, George Lucas, David Rockfeller, Ted Turner ou Richard Branson. Este último juntou-se à lista de bilionários que prometeram doar pelo menos metade da sua fortuna a ações de caridade. Na sua carta de compromisso, Branson e a mulher, Joan, seguem as pisadas de Bill e Melinda Gates, prometendo usar o seu dinheiro para criar “um mundo saudável, justo e pacífico, que as gerações futuras possam desfrutar”.

A campanha “The Giving Pledge” não aceita dinheiro, apenas pede aos bilionários que assumam o compromisso moral de doar uma parte da sua riqueza em favor da comunidade. O casal, que defende valores como a família, a saúde e a amizade, diz: “As coisas não trazem felicidade. Fazer algo positivo com a vida é o que realmente importa e, felizmente, os nossos filhos, os nosso herdeiros principais, concordam connosco neste assunto”.

Também o CEO da Blackstone, Stephen Schwarzman, um dos 100 homens mais ricos do mundo, aderiu recentemente ao movimento. Das suas origens, em 1985, como uma empresa de duas pessoas fundada por refugiados do Lehman Brothers, Steve Schwartzman e Pete Peterson, o Blackstone Group tornou-se num dos maiores gestores de bens do mundo, com mais de 2700 colaboradores e 527 mil milhões de euros sob gestão em fundos que investem em imobiliário, infra-estruturas, ciências da vida e vários outros tipos de bens. Numa era em que muitas empresas de Wall Street desapareceram, fundiram-se ou diminuíram de tamanho, a Blackstone tem sido notável pelo seu sucesso financeiro e mentalidade de crescimento. “Tento lidar com questões que afectam a sociedade e o mundo, como a paz mundial. Sei que parece lamechas, mas é o que estou a tentar fazer. E não tenho qualquer dificuldade em separar aquilo que devo fazer pessoalmente na filantropia e o trabalho da Blackstone”, disse o gestor numa entrevista à strategy+business.

Bill Gates conheceu a mulher, Melinda, num encontro com a imprensa em Manhattan. Casaram no Hawai, têm uma fortuna colossal, três filhos e dedicam-se à filantropia: gastam grande parte do dinheiro em causas humanitárias, acompanhando pessoalmente muitas das iniciativas que subsidiam. No ano passado, o fundador da Microsoft fez a sua maior doação para fins de beneficência em quase duas décadas. Bill Gates doou 64 milhões de ações da Microsoft, títulos que estão avaliados em 4,6 mil milhões de dólares (cerca de 3,9 mil milhões de euros), de acordo com um documento da Comissão de Valores e Câmbio divulgado pela Bloomberg.

Após ter passado pelo divórcio mais caro da história, a ex-mulher do CEO da Amazon, MacKenzie Bezos, comprometeu-se a doar, pelo menos, metade da sua fortuna para caridade. Num comunicado emitido pela milionária, é referido que tem “um montante desproporcional de dinheiro para doar”. A fortuna da ex-mulher do fundador da Amazon está avaliada em cerca de 37 mil milhões de dólares (aproximadamente 33 mil milhões de euros), pelo que entregará 18,5 mil milhões de dólares (16,5 mil milhões de euros).

O exemplo de Zuckerberg

No momento em que comunicou ao mundo o nascimento da filha, em 2015, Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, anunciou que iria doar 99% das suas ações da rede social a uma fundação, a Chan Zuckerberg Initiative, destinada a melhorar o potencial humano e a promover a igualdade entre todas as crianças na próxima geração.

“Vamos doar 99% das nossas ações do Facebook – que na altura valiam cerca de 45 mil milhões de dólares, cerca de 38 mil milhões de euros – durante as nossas vidas para fazer avançar esta missão. Sabemos que esta é uma pequena contribuição comparada com todos os recursos e talentos que já estão a trabalhar nestes temas”, escreveram Zuckerberg e a mulher, Priscilla Chan, numa carta dirigida à filha e publicada no Facebook.

Já este ano, a fundação doou 25 milhões de dólares para encontrar e desenvolver tratamentos para a Covid-19. A doação foi feita para a COVID-19 Therapeutics Accelerator, grupo que tem recebido doações de outras fundações como a Bill & Melinda Gates Foundation e os fundos da Wellcome e da Mastercard, conta o The Verge. “Estamos entusiasmados por colaborar com a Gates Foundation, a Wellcome e a Mastercard para ajudar a comunidade da investigação biomédica para identificar, desenvolver e testar rapidamente tratamentos para a Covid-19”, pode ler-se no comunicado da CZI.

Ler Mais