Termina hoje grande peregrinação muçulmana a Meca: calor extremo de mais de 50 graus já provocou vítimas mortais

Termina esta terça-feira o ‘hajj’, um dos cinco pilares do Islão e deve ser cumprido pelo menos uma vez na vida por todos os muçulmanos que tiverem os meios para isso.

A peregrinação começou na passada sexta-feira, depois de os observatórios astronómicos identificarem a lua crescente, que marca o início do mês durante o qual se realiza esta peregrinação anual a Meca. A data foi anunciada pelo Supremo Tribunal, em comunicado divulgado pela agência noticiosa oficial saudita, a ‘SPA’.

Durante uma conferência de imprensa, na semana passada, o ministro saudita do ‘hajj’, Tawfiq al-Rabiah, declarou que “cerca de 1,2 milhões de peregrinos vindos de diversos países do mundo” já tinham chegado à Arábia Saudita para o ‘hajj’ deste ano.

Em 2023, mais de 1,8 milhões de muçulmanos participaram no ‘hajj’, segundo números oficiais, pelo que se espera que, este ano, os números cheguem (ou até mesmo ultrapassem) os dois milhões de peregrinos.

No entanto, o principal perigo deste ano está nas elevadas temperaturas. A Arábia Saudita já avisou para os riscos de temperaturas extremas em Meca, onde mais de uma dúzia de mortes relacionadas com o calor foram confirmadas na principal peregrinação muçulmana. Este rito anual – um dos maiores encontros religiosos do mundo – realizou-se de novo este ano no verão, uma estação particularmente quente na Arábia Saudita.

Mais de 2.700 casos de exaustão por calor foram registados no domingo, disse o Ministério da Saúde, no final da peregrinação.

Esta segunda-feira, as temperaturas atingiram os 51,8 graus Celsius em Meca, a primeira cidade sagrada do Islão no oeste do país, local da peregrinação.

Alguns contornaram a Kabaa – uma construção cúbica no centro da Grande Mesquita – enquanto outros completaram o ritual de apedrejamento de Satanás no vale perto de Mina, diante de estelas (uma espécie de balizas) que simbolizam o diabo, sobre as quais atiraram pedras.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Jordânia disse no domingo que 14 peregrinos jordanianos morreram “após sofrerem insolação devido à onda de calor extremo” e que outros 17 estavam desaparecidos.

Teerão relatou a morte de cinco peregrinos iranianos, sem especificar a causa das suas mortes, enquanto Dakar disse que três peregrinos senegaleses também morreram.

Em Mina, os peregrinos borrifaram água na cabeça enquanto as autoridades distribuíam bebidas geladas e gelados de chocolate que derretiam rapidamente.

Azza Hamid Brahim, uma mulher egípcia de 61 anos, disse que viu corpos imóveis na beira da estrada enquanto caminhava. “Parecia o Juízo Final, o fim do mundo. (…) Foi um dia muito difícil. Dissemos a nós mesmos: ‘Acabou, vamos morrer’ por causa da onda de calor”, confessou a peregrina.

Para a Arábia Saudita é uma fonte de prestígio e legitimidade, tendo o rei o título de Guardião das Duas Mesquitas Sagradas, de Meca e Medina.

Numa mensagem, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, o governante de facto do reino, disse no passado domingo que o seu país tem o dever de “fazer tudo para ajudar os fiéis a adorar com segurança e confiança”.

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