“Terá de vir”: Comissão de Inquérito obriga filho de Marcelo a prestar depoimento sobre caso das gémeas luso-brasileiras

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ao caso das gémeas determinou que Nuno Rebelo de Sousa, filho do Presidente da República, terá de prestar esclarecimentos. A decisão foi anunciada pelo presidente da CPI, Rui Paulo Sousa, que afirmou que Rebelo de Sousa “terá de vir, seja presencialmente ou por videoconferência, mas terá de vir”.

Além disso, o deputado do Chega, Rui Paulo Sousa, comunicou que a mãe das gémeas, que inicialmente estava prevista para prestar declarações por videoconferência, agora fará o seu depoimento de forma presencial. Esta alteração no formato das declarações foi destacada como uma decisão importante para o andamento das investigações.

Rui Paulo Sousa, do Chega, referiu também que, caso Nuno Rebelo de Sousa continue a recusar prestar esclarecimentos, então o Parlamento vai avançar para o Ministério Público com uma queixa por desobediência qualificada, “um dos crimes previstos neste caso”.

“Todos os grupos estiveram de acordo, não é aceite o tipo de justificação que foi dada”, acrescentou o responsável, que sustenta que “não dá para entender” a versão apresentada por Nuno Rebelo de Sousa.

Em paralelo, o deputado do Chega anunciou também que a mãe das gémeas vai prestar declarações de forma presencial, em vez do formato videoconferência que estava inicialmente previsto.

Filho de Marcelo recusa prestar esclarecimentos
O filho do Presidente da República comunicou anteriormente à comissão parlamentar de inquérito sobre o caso das gémeas que recusa prestar esclarecimentos, admitindo estar presente em audição “em momentos futuros”, segundo um documento ao qual a Lusa teve na quarta-feira acesso. A notícia foi confirmada pela agência Lusa junto de fontes parlamentares depois de ter sido avançada no dia anterior pela CNN Portugal.

“Não pretenderá o senhor dr. Nuno Rebelo de Sousa prestar qualquer depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito em causa ou fornecer qualquer esclarecimento ou ponderar fornecer qualquer documento, e, aliás, não apenas perante a CPI, mas perante qualquer outra entidade que não a entidade dominus do inquérito criminal que, como é público, o Ministério Público está a conduzir”, lê-se na carta assinada por Rui Patrício, advogado do filho do Presidente da República.

No entanto, o filho de Marcelo Rebelo de Sousa, que reside no Brasil, “não exclui, evidentemente, poder vir a Portugal em momentos futuros e, sendo tal possível, conveniente e útil para os trabalhos dessa comissão, estar presente em audição”.

“Não haja dúvidas de que o senhor dr. Nuno Rebelo de Sousa exercerá o seu direito, legal e constitucionalmente consagrado, a sobre eles não depor, nem os abordará fora do aludido processo-crime e dos seus trâmites legais, pelo menos enquanto contra si correr termos tal processo (no qual prestou e poderá porventura prestar ainda, no quadro e nos termos da totalidade dos direitos e faculdades que o seu estatuto processual lhe confere, esclarecimentos)”, refere o documento.

Ainda assim, o advogado lembra que o filho do chefe de Estado não se irá opor a que a comissão parlamentar de inquérito tenha acesso “aos esclarecimentos orais e escritos por si já prestados, respectivamente sob a forma de declarações via carta rogatória e de memorial escrito com documentos por nós subscrito, ambos no decorrer do mês de Maio do corrente ano, no âmbito do referido processo-crime”.

“Caso o Ministério Público titular do inquérito, devidamente oficiado por V. Exas, consinta em que essa comissão tome conhecimento de tais elementos, aqui fica expresso, para todos os efeitos, o consentimento por parte do N/Representado e, bem assim, o dos signatários”, sustenta.

A carta, todavia, nunca esclarece se o filho do Presidente da República já foi constituído arguido, apesar de mencionar que tem um processo criminal a decorrer contra si. A agência Lusa já contactou a Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o caso, mas ainda aguarda resposta.

O filho do Presidente da República “não prevê estar presente em Portugal num futuro próximo”, justificando ter “várias obrigações profissionais e familiares no país da sua residência”.

As audições da comissão de inquérito sobre o caso das gémeas tratadas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, com um medicamento que tem um custo de dois milhões de euros por pessoa, arrancaram segunda-feira, com o depoimento do ex-secretário de Estado Adjunto e da Saúde António Lacerda Sales.

*Com Lusa

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