Tensões em alta: Polícia de Berlim alerta que segurança de judeus e membros da comunidade LGBT está em risco nos bairro árabes

A chefe da polícia de Berlim, Barbara Slowik, emitiu um alerta dirigido às comunidades judaica e LGBTQ, recomendando precauções ao frequentarem determinados bairros da capital alemã com elevada concentração de residentes de origem árabe. Em entrevista ao diário Berliner Zeitung, Slowik afirmou que, embora não existam oficialmente zonas consideradas “interditas” na cidade, há áreas que apresentam riscos acrescidos para pessoas que utilizam símbolos religiosos, como a kippah, ou que expressem abertamente a sua orientação sexual.

O alerta surge num contexto de crescente número de incidentes antissemitas em Berlim desde o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023. Segundo relatos, um grupo de crianças judias foi recentemente atacado na cidade, alimentando receios dentro da comunidade judaica. “Não existem zonas consideradas ‘interditas’, ou seja, áreas demasiado perigosas para entrar”, explicou Slowik. “Contudo, há locais onde aconselharia uma maior atenção, particularmente a pessoas que usem uma kippah ou que sejam abertamente homossexuais ou lésbicas.”

A chefe policial enfatizou que o objetivo não é “difamar um grupo específico como perpetrador”, mas reconheceu a existência de “certos bairros” onde há maior incidência de problemas. “Infelizmente, há bairros em Berlim com uma maioria de residentes de origem árabe onde se observa simpatia aberta por organizações terroristas e um antissemitismo muito evidente”, declarou.

A tensão em Berlim reflete um panorama global de aumento do antissemitismo desde os ataques de outubro. Na Alemanha, um incidente marcante envolveu um grupo de crianças judias, com idades entre 13 e 16 anos, atacado por jovens de origem árabe armados com facas e paus no bairro de Neukölln, conhecido pela sua população árabe e turca. Durante o ataque, foram proferidos slogans como “Palestina livre” e insultos antissemitas.

Além disso, um adepto do clube desportivo Makkabi Berlin foi hospitalizado após ser agredido por um homem que perguntou sobre a sua origem judaica. Estes episódios alimentam um clima de apreensão na comunidade. “Compreendo perfeitamente o medo e a preocupação que crescem dentro da comunidade de se tornarem alvos de ataques”, afirmou Slowik.

De acordo com o jornal Süddeutsche Zeitung, a polícia de Berlim abriu mais de 6.200 investigações relacionadas com antissemitismo desde outubro de 2023. Estas incluem crimes como vandalismo, propaganda e discursos de ódio, com um aumento de 50% face a 2022. Slowik revelou que, dos 1.300 casos envolvendo crimes violentos, muitos estão ligados a confrontos ou resistência durante manifestações.

“Os crimes violentos contra pessoas judias são, felizmente, baixos, mas cada ato é, sem dúvida, um ato a mais”, afirmou. Segundo Slowik, a perceção do aumento global de crimes antissemitas intensifica o receio entre membros da comunidade judaico-israelita.

Com manifestações pró-palestinianas diárias e a necessidade de reforçar a segurança de organizações judaicas e israelitas, os recursos da polícia estão sob pressão. “Os nossos recursos estão a ser testados ao limite”, alertou Slowik, sublinhando o impacto das exigências crescentes sobre a força policial da cidade.

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