Tensão entre França e Ucrânia cresce com protestos dos agricultores (e tudo por causa de frangos…)

A abertura do mercado europeu aos produtos ucranianos, após o início da invasão da Rússia, está a revoltar os agricultores europeus, que têm acusado as empresas de avicultura ucranianas de concorrência desleal – os protestos dos agricultores atingiram um tom que está a ter repercussões diplomáticas entre França e Ucrânia.

Em causa está a MHP – a maior empresa avícola da Ucrânia -, que já foi alvo de comentários do presidente francês, Emmanuel Macron e tem estado há semanas na mira de agricultores e políticos franceses que a acusam de inundar o mercado europeu com aves baratas, aproveitando a decisão da UE de abrir as suas fronteiras às exportações ucranianas após a invasão russa há dois anos.

“Às vezes, o setor alimentar ucraniano é erroneamente retratado como o bárbaro ao portão – ou como a raposa no galinheiro”, indicou o CEO da MHP, John Rich, em declarações ao jornal ‘POLITICO’.

O presidente Emmanuel Macron apontou o dedo ao fundador do MHP, Yuriy Kosiuk, alegando que a UE estava a enriquecê-lo à custa dos agricultores europeus. “Não estamos interessados em ganhar dinheiro para este homem. Não é o objetivo, não ajuda a Ucrânia”, indicou Macron, sobre um dos homens mais ricos da Ucrânia, conhecido como ‘o rei dos frangos’.

Já há vários anos que a MHP é um dos principais alvos do lobby da avicultura da França, ANVOL, mas a tensão disparou com o início da guerra e entrada facilitada das aves ucranianas no mercado europeu. As importações de frangos ucranianos cresceram 47% no bloco europeu entre 2022 e 2024 e a Comissão Europeia está agora a estudar impor limites às importações de açúcar, carne de aves e ovos da Ucrânia para apaziguar os produtores europeus.

No entanto, Rich indicou que a MHP representa menos de 3% do total de importações de carne de aves em França e aponta que a Ucrânia não é o verdadeiro país culpado das dificuldades. “O agricultor francês queixa-se das importações ucranianas, mas na verdade está zangado com as importações de todos os outros países. O acordo de livre comércio com a América do Sul é o elefante na sala”, defendeu, sugerindo que cortar nas importações à Ucrânia vai apenas ajudar os países do bloco Mercosul, especialmente o Brasil, que é agora o principal vendedor de frangos para a UE.

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