“Tenho sérias dúvidas de que seja preciso um novo aeroporto”: GEOTA e Associação ZERO defendem investimento na rede ferroviária

João Joanaz de Melo, professor de Engenharia do Ambiente na Universidade Nova de Lisboa e dirigente da GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente -, afirmou esta quarta-feira ter sérias dúvidas sobre a necessidade da construção de um novo aeroporto em Portugal.

O dirigente da GEOTA defendeu que a prioridade em Portugal deveria ser um reforço de investimento na rede ferroviária nacional, considerando que a rede atual é “um desastre completo”, especialmente em comparação com outros países. Nesse âmbito, criticou a insistência dos governantes em linhas de “alta velocidade”, ao invés da definição de um plano abrangente no território, que suprima a demanda nas regiões órfãs, e mais de acordo com o perfil português, que não é dominado por metrópoles.

As declarações foram realizadas no âmbito de uma conversa informal sobre Sustentabilidade, promovida no primeiro dia do Oeiras Ignição Gerador, o summit que pretende discutir o futuro da Cultura, Criatividade e Inteligência Artificial, e que contou também com a presença de Susana Fonseca, dirigente da Associação ZERO.

Susana Fonseca partilhou da opinião de que é necessário um grande investimento na linha férrea, destacando que o último grande avanço na matéria da ferrovia nacional foi “a criação dos passes”, que simplificaram a vida dos portugueses que viajam desta forma. A dirigente explicou ainda que a Associação ZERO não é apologista de uma substituição de carros a combustão por carros elétricos, mas sim por transportes coletivos.

Neste sentido, a dirigente da ZERO pediu aos participantes para questionarem aquilo que é apresentado como solução para um caminho mais sustentável, alertando que muitas das inovações, como o digital, que “não é necessariamente mais sustentável”, têm também impactos, mesmo que, muitas vezes, estes “não nos sejam visíveis”.