“Tempestade Sinwar está a chegar a Israel e vai conduzir à sua destruição”, garante novo líder do Hamas
Yahya Sinwar morto em Gaza pelas forças israelitas na semana passada, “desencadeou uma tempestade” contra Israel que acabará por “conduzir à sua destruição”, afirmou Khaled Mashal, líder interino do Hamas. Na homenagem ao antigo líder, através de uma ligação vídeo durante uma cerimónia fúnebre em Istambul, esta segunda-feira, acrescentou que Telavive “tentou impor um destino sombrio a Sinwar, mas Deus concedeu-lhe um legado de dignidade. Viveu com uma coragem inabalável e morreu com honra”.
No seu discurso, Mashal afirmou que o Hamas “permanecerá leal ao seu percurso de mártires, aos seus princípios, aos seus valores e às suas estratégias de liderança e resistência”, salientando que o grupo islâmico, classificado pelo Reino Unido, pelos EUA e pela União Europeia como uma organização terrorista, “tem suportado a jornada de resistência durante décadas”.
Khaled Mashal está atualmente apenas a assumir o cargo de chefe interino do gabinete político do Hamas fora dos territórios palestiniano: Mashal saiu após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, e desde então nunca mais viveu no país.
Sinwar, o mentor dos atentados de 7 de outubro que matou mais de 1.200 israelitas, foi o último dos vários altos responsáveis do Hamas mortos no conflito, que também já provocou a morte a mais de 40 mil palestinianos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
Khaled Mashal está habituado a assumir posições de liderança no Hamas, tendo sido presidente do seu gabinete político por duas vezes. Nascido em 1956 em Silwad, na Cisjordânia controlada pela Jordânia, a família de Mashal fugiu para a Jordânia e depois para o Kuwait após a Guerra dos Seis Dias, em 1967. No Kuwait, aderiu ao movimento conservador da Irmandade Muçulmana ainda na escola, onde iniciou o seu percurso na política radical.
Depois de trabalhar como professor de física no Kuwait, tornou-se um dos membros fundadores do Hamas em 1987, tornando-se presidente do seu bureau político pela primeira vez em 1996, cargo que manteve até 2017. Um ano depois de ter assumido o cargo, quase foi morto numa tentativa de assassinato falhada pelas forças de segurança israelitas, a Mossad.
Durante algum tempo, Mashal foi visto como uma figura moderada no seio do Hamas, aberto a um “cessar-fogo permanente” com Israel em troca de um Estado palestiniano em Gaza e na Cisjordânia ocupada. Uma posição atualmente considerada insustentável.