Temperaturas de 50ºC: Onda de calor sem precedentes ‘transforma’ a Índia no Vale da Morte

A região de Rajastão, na Índia, está a enfrentar uma onda de calor sem precedentes, com temperaturas a atingir níveis comparáveis aos do famoso Vale da Morte nos EYUA, onde os termómetros frequentemente marcam cerca de 50 graus Celsius. Esta situação extrema está a tornar a vida difícil para a população local, resultando em várias mortes suspeitas devido ao calor intenso.

“Houve seis mortes registadas de pessoas que chegaram sem vida aos hospitais, e suspeita-se que o calor extremo seja a causa, mas ainda aguardamos os resultados das autópsias”, declarou o Dr. Rama Shankar Bharti, chefe médico do distrito de Jalore. A agência de notícias indiana PTI reportou que o número total de possíveis vítimas mortais pode chegar a dez em diferentes partes de Rajastão. Devido às temperaturas elevadas, escolas em vários estados, incluindo Nova Deli, fecharam antecipadamente antes das férias escolares.

O Departamento Meteorológico da Índia (IMD) avisou que as condições de calor severo no estado, bem como nas regiões de Punjab e Haryana, continuarão nos próximos dias, até pelo menos terça-feira da próxima semana. O IMD também previu que mais ondas de calor são esperadas entre abril e junho, até a chegada do monção, quando as temperaturas devem baixar.

No distrito de Barmer, o chefe médico S. Mirtal informou à agência EFE que foram registados mais dois casos suspeitos de mortes por insolação. Este distrito teve a temperatura mais alta do país na última quarta-feira, com 48,8 graus Celsius, superando a média habitual em 6,5 graus.

Especialistas em clima afirmam que as mudanças climáticas estão a tornar as ondas de calor mais frequentes, severas e duradouras. No entanto, vários fatores geográficos específicos de Rajastão agravam a situação.

Rajastão ocupa grande parte do deserto de Thar, conhecido pelo seu terreno arenoso e pouca vegetação, o que faz com que o solo absorva mais calor solar, aumentando as temperaturas. Além disso, a proximidade do Mar Arábico, que poderia moderar as temperaturas, é neutralizada pela cordilheira Aravalli, que impede que os ventos refrescantes cheguem à região. Este fenómeno cria um efeito de ‘sombra de chuva’, onde o lado de barlavento recebe precipitações e o lado de sotavento, onde Rajastão está localizado, permanece seco.

A ausência de corpos de água como rios e lagos agrava ainda mais a situação, pois não há evaporação que possa proporcionar algum alívio através da geração de chuvas.

Temperaturas afetam afluência à urnas em dia de eleições
Mesmo com o calor extremo, os eleitores indianos saíram para votar na penúltima fase das eleições gerais. A taxa de participação registada foi de 49,2% a três horas do encerramento das urnas, em comparação com cerca de 63% na mesma hora durante as eleições de 2019.

Assembleias de voto em Nova Deli foram equipadas com paramédicos a fornecer sais de hidratação oral, além de máquinas humidificadoras, áreas sombreadas e dispensadores de água fria. “Esperamos que as pessoas superem o medo da onda de calor e venham votar”, afirmou P. Krishnamurthy, diretor eleitoral de Deli.

“Se ficarmos em casa por causa do calor, quem vai votar?” questionou Bhuwneshwari Pillai, de 32 anos, enquanto se abanava com uma folha de papel e limpava a testa com uma toalha.

Para muitos eleitores, as questões que afetam o futuro do país são mais importantes do que o desconforto do calor. “Os nossos jovens estão desempregados, os preços dos produtos básicos aumentaram. Viemos votar no candidato que possa resolver esses problemas”, disse Ghulam Qadir Chouhan, de 75 anos, em Caxemira, citado pelo El Confidencial.

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