Temperatura média em Portugal pode subir 5ºC até ao final do século, alertam especialistas

Até ao final do século XXI, a temperatura irá aumentar 2,8 ºC nas zonas costeiras e 5 ºC nas terras altas. Ao mesmo tempo, o volume de precipitação deverá diminuir em cerca de 10% no litoral, 30% na zona centro e interior do país. Este é o futuro climático traçado para Portugal por dois estudos recentemente publicados pela Universidade de Aveiro (UA), a que o “Expresso” teve acesso. 

O aquecimento global que já se faz sentir «vem do acumulado de emissões desde a revolução industrial», afirma Alfredo Rocha, professor de Metereologia e Clima do Departamento de Física da UA e co-autor dos dois estudos. «O grande mal está feito. O que viermos a fazer nas próximas décadas, e as medidas de mitigação que forem implementadas, só vão ter impacto no século XXII. Será para os nossos netos ou bisnetos», continua.

«A Península Ibérica já experiencia a desertificação como consequência das alterações climáticas devido à emissão de gases de estufa, em particular nas regiões do sul», lê-se no estudo «Episódios de precipitação extrema devido às alterações climáticas na Península Ibérica», citado pelo semanário. O documento indica que, no futuro, deverão ocorrer cada vez mais fenómenos extremos, como «cheias-repentinas que podem perturbar actividades sociais e económicas» e «longos períodos de seca». E sentencia: até ao ano 2100, a precipitação, ao nível de toda a Península Ibérica, deverá diminuir entre 20 a 40%.

Como era de esperar, a zona sul de Portugal será a mais afectada pela falta de chuva. Um despacho do ministro da Agricultura, Luis Capoulas Santos, publicado a 1 de Outubro em Diário da República, declara a existência de uma situação de seca severa extrema em 78 concelhos a sul do Tejo, o equivalente a 98% do território.

Agora, o estudo «Mapeamento da falta de água potável devido às alterações climáticas» revela que, entre 2081 e 2100, a precipitação deverá diminuir cerca de 80% durante os meses de Verão, no Alentejo e Algarve.

Recorde-se que, a descida do caudal do Tejo Internacional atingiu mínimos históricos dos últimos 40 anos. Os afluentes Ponsul, na Beira Baixa, e Sever, no Alto Alentejo, estão praticamente sem uma gota devido à falta de chuva e às políticas de gestão de recursos hídricos espanholas, avançou a “SIC”.

Para tentar cumprir a Convenção de Albufeira, em 20 dias, a última barragem espanhola terá deixado passar mais de 400 hectómetros cúbicos pela barragem de Cedillo, o que baixou drasticamente o Tejo Internacional. «Espanha foi libertando o caudal mínimo exigido, mas quando chegou a Setembro declararam estado de emergência por seca e tiveram de libertar tudo o que não tinham libertado durante o ano hidrológico. Tinham de libertar 2700 hectómetros cúbicos, mas se só tinham libertado o mínimo de repente, tiveram de libertar muita água para que no final do ano hidrológico a 30 de Setembro cumprissem o que está na convenção entre os dois países», explica o alcaide de Cedillo, Antonio González Riscado.

Ler Mais





Comentários
Loading...