Tecnologia norte-americana alimenta censura do Egipto ao Uzbequistão

Países como Algéria, Uzbequistão, Egipto ou Azerbeijão não permitem que os cidadãos naveguem na internet livremente. Para garantir que apenas têm acesso a conteúdos que consideram seguros, recorrem a ferramentas de bloqueio. Uma delas chega da Sandvine, empresa norte-americana cuja tecnologia está a ser usada para censurar sites de organizações LGBTQ ou plataformas de órgãos noticiosos independentes, segundo adianta a Bloomberg.

Detida pela empresa de private equity, Francisco Partners, a Sandvine já se apercebeu dos fins para os quais algumas entidades utilizam a sua tecnologia. No último mês, disse mesmo que vai parar de vender os seus equipamentos na Bielorrússia depois de a Bloomberg ter revelado que estavam ao ser usados para censurar conteúdos online durante as eleições no país.

Em comunicado, a Sandvine admitiu que não tolera “a utilização de tecnologia para suprimir a livre circulação de informação, resultando em violações dos direitos humanos”.

No entanto, não estará inteiramente nas mãos da Sandvine impedir o recurso aos seus equipamentos para este propósito. São mais de 10 os países que, ao longo dos últimos anos, seguiram pelo caminho da censura com a ajuda da tecnológica norte-americana, segundo apontam actuais e antigos funcionários da Sandvine.

As mesmas fontes indicam que a Sandvine fornecia actualizações e aconselhamento técnico sempre que necessário a vários destes clientes – que assim melhoravam os seus filtros e mecanismos de bloqueio de plataformas ou notícias de teor político, por exemplo.

A lista de países inclui Algéria, Afeganistão, Azerbeijão, Egipto, Eritreia, Jordânia, Kuwait, Paquistão, Qatar, Rússia, Sudão, Tailândia, Turquia, Emirados Árabes Unidos e Uzbequistão, avança a mesma agência noticiosa, citando documentos a que teve acesso.

A Sandvine recusou comentar acordos específicos com estes países ou fornecedores de internet, mas garante que a sua tecnologia de gestão de tráfego online é “usada para proteger redes e subscritores de biliões de transacções maliciosas todos os dias”. De acordo com a empresa, o objectivo é proteger os internautas de conteúdos como pornografia infantil, tráfico humano ou terrorismo.

“Não é suposto colocar em causa os direitos humanos ou bloquear a livre circulação de informação”, indica a Sandvine em comunicado. “Na verdade, está desenhada para fazer o oposto – garantir que os cidadãos têm acesso de alta qualidade a informação em todo o Mundo.”

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