“Teatro político”: Trump invoca indulto de Biden ao filho para tentar anular condenação no caso Stormy Daniels
Donald Trump, presidente-eleito dos Estados Unidos, pediu a anulação da sua condenação no caso em que pagou pelo silêncio da atriz pornográfica Stormy Daniels, utilizando como argumento o recente i indulto presidencial concedido por Joe Biden ao seu filho, Hunter Biden.
Num documento submetido na segunda-feira e tornado público na terça-feira, os advogados de Trump solicitaram ao juiz Juan M. Merchan, do Tribunal de Manhattan, que arquivasse o caso, alegando motivações políticas.
“Teatro político” e acusações de seletividade
A defesa de Trump acusou o procurador de Manhattan, Alvin Bragg, de participar no que chamaram de “precisamente o tipo de teatro político” que Joe Biden criticou ao justificar o perdão ao filho. Biden, ao explicar o seu ato no domingo, afirmou que Hunter Biden foi processado apenas por ser seu filho e que as acusações contra ele foram politicamente instigadas por opositores no Congresso.
“Hunter foi ‘seletiva e injustamente processado’ e ‘tratado de forma diferente’, como declarou o Presidente Biden”, escreveram os advogados de Trump. “O mesmo aconteceu com o presidente-eleito neste caso.”
O caso Stormy Daniels e a condenação histórica
Em maio, Trump tornou-se o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a ser condenado por um crime. O tribunal considerou-o culpado de 34 acusações de falsificação de registos comerciais, relacionadas a um pagamento de 130 mil dólares (aproximadamente 123.750 euros) feito à atriz pornográfica Stormy Daniels. O montante teria sido usado para garantir o silêncio dela sobre um alegado caso extraconjugal, poucos dias antes das eleições presidenciais de 2016.
Trump declarou-se inocente e argumentou que o caso tinha motivações políticas. Após a vitória de Trump nas eleições presidenciais do mês passado, o juiz Merchan adiou a sentença, que estava inicialmente prevista para o final de novembro.
Os procuradores sugeriram que a sentença poderia ser adiada até que Trump completasse o seu segundo mandato, em 2029. No entanto, os advogados do presidente-eleito pediram que a condenação fosse anulada imediatamente, argumentando que o processo criaria “disrupções à instituição da presidência”.
Num dos pontos da moção, a defesa sublinhou que limpar o nome de Trump permitiria que ele dedicasse toda a sua energia a “proteger a nação”.
O prazo para o Ministério Público responder à moção termina na próxima segunda-feira.
Durante a campanha eleitoral, Trump enfrentava múltiplos processos criminais, mas desde a sua vitória presidencial, os problemas legais começaram a diminuir. Na semana passada, o procurador especial Jack Smith anunciou a retirada de duas acusações contra Trump, em conformidade com orientações do Departamento de Justiça que garantem imunidade a presidentes em exercício.
Os casos retirados referiam-se a alegadas interferências nas eleições de 2020 e ao suposto armazenamento indevido de documentos classificados.