Taxas de juro dos depósitos de empresas são mais sensíveis à política monetária do que as dos depósitos de particulares

A transmissão das alterações das taxas de juro de política monetária para as taxas aplicadas pelos bancos em depósitos de empresas e famílias ocorre com um desfasamento temporal e, frequentemente, de forma incompleta.

Um artigo preparado por Diana Bonfim, do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal, mostra que, em 2022 e 2023, quando as taxas de juro de política monetária aumentaram para combater as pressões inflacionistas, os bancos aplicaram aumentos mais lentos e moderados nas taxas dos depósitos. Da mesma forma, no atual ciclo de diminuição das taxas, os cortes nas taxas dos depósitos têm sido igualmente graduais.

De acordo com dados do Banco de Portugal, que analisam os últimos 25 anos, a transmissão da política monetária às taxas de juro dos depósitos bancários em Portugal tem mostrado uma resposta incompleta. Para cada aumento ou diminuição de 100 pontos base nas taxas de política monetária, observa-se que as taxas de juro aplicadas aos novos depósitos aumentam ou diminuem, em média, apenas 65 pontos base.

Esta transmissão é mais acentuada para os depósitos de sociedades não financeiras, com um aumento de 95 pontos base por cada 100 pontos base de alteração nas taxas de política monetária. Por outro lado, a transmissão é mais fraca nos depósitos de particulares, com um aumento médio de 59 pontos base para a mesma variação nas taxas de juro. Além disso, a transmissão das taxas de juro é mais eficaz nos depósitos a prazo inferior a dois anos.






Comentários
Loading...