Suíça vai referendar uso de máscaras ou burcas muçulmanas
“Parem o Extremismo!”, é uma das muitas frases que se pode ler em grandes outdoors vermelhos em várias zonas da cidade de Zurique, na Suíça. Fazem parte de uma campanha do Partido do Povo Suíço (SVP), de extrema direita, para proibir o uso de véus que cobrem o rosto em público, avança a ‘Reuters’.
Segundo a agência de notícias, esta mesma campanha vai ser votada num referendo nacional obrigatório no domingo. As sondagens de opinião sugerem que a maioria dos suíços será a favor, tornando assim esta proibição uma lei nacional.
“Na Suíça, a nossa tradição é mostrar o rosto. Isto é um sinal das nossas liberdades básicas”, disse Walter Wobmann, vice-presidente sénior do parlamento e presidente do comité responsável pelo referendo.
A proposta é anterior à pandemia COVID-19, que obrigou todos os adultos a usar máscaras em muitos locais para evitar a propagação da infeção e reuniu o apoio necessário para desencadear um referendo em 2017.
O projeto não menciona o Islão diretamente, mas acaba por agravar a relação entre os dois países, sendo uma referência indireta à privação de liberdades. Wobmann disse que a votação não foi contra o país em si, mas acrescentou: “a cobertura de rosto é um símbolo para este Islão político extremo que se tornou cada vez mais proeminente na Europa e que não tem lugar na Suíça”.
Muçulmanos suíços disseram que os partidos de direita estão a usar o voto para reunir os seus partidários contra o país, e outros alertaram que a proibição pode provocar divisões mais amplas. Andreas Tunger-Zanetti, diretor do Centro de Pesquisa sobre Religião da Universidade de Lucerna considera que a proibição pode cimentar a imagem da Suíça como anti-islâmica, criando um ressentimento negativo em alguns muçulmanos.
Também a França proibiu o uso de véu integral em público em 2011 e a Dinamarca, Áustria, Holanda e Bulgária proibiram total ou parcialmente o uso de coberturas faciais em público.