Soldados russos acusam Ministério da Defesa de deixar corpos no campo de batalha para evitar pagamentos às famílias

O Ministério da Defesa da Rússia está a abandonar os corpos dos combatentes para não ter de pagar a indemnização às famílias, acusaram esta quinta-feira diversos soldados russos em ação na Ucrânia: o site noticioso ‘Radio Free Europe’ relatou a história do soldado russo Mikhail Cherkasov, morto perto de Bakhmut, a 19 de junho, depois de dois meses e meio na Ucrânia.

Recorde-se que a 3 de janeiro último, Vladimir Putin assinou um decreto no qual se comprometia a pagar 5 milhões de rublos (pouco mais de 50,2 mil euros) às famílias dos soldados russos mortos na guerra – já um soldado ferido ou traumatizado iria receber 3 milhões de rublos (cerca de 30 mil euros).

No entanto, de acordo com a mãe do soldado morto em combate, Polina Cherkasova, os companheiros de armas do filho garantiram que o Ministério da Defesa russo deixou o seu corpo no campo de batalha porque não seria “lucrativo” trazê-lo para casa. “Não peço mais nada: apenas tragam-me o corpo. O comandante do pelotão também disse que lamentava, simpatizava, mas que não iria enviar os seus homens para procurar o corpo”, acusou a progenitora, salientando que o responsável acrescentou: “Sabe quantos cadáveres existem? É terrível o que está a acontecer aqui. Quando saímos em missão, havia 20 cadáveres espalhados.”

Segundo os relatos dos soldados russos, Mikhail morreu depois de um ataque de drone ter feito explodir as suas pernas. “Ajudaram-no, colocaram-lhe torniquetes mas não sobreviveu”, relatou a mãe, que procurou obter respostas das autoridades militares locais, que não tinham informações sobre o seu filho, que não foi listado como morto ou desaparecido.