Sobe para 140 o número de mortos na devastação da DANA em Espanha. PM avisa que tragédia “ainda não acabou”

As inundações repentinas em Espanha resultaram na morte de 140 pessoas, um aumento drástico em relação ao último balanço oficial de 95, conforme os serviços de emergência continuam a realizar esforços de resgate em meio a novas previsões de condições meteorológicas extremas. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, pediu aos cidadãos que permaneçam em casa, advertindo que a devastação ainda “não acabou” e declarou Valência como uma “zona de desastre”.

A forte chuva, que em algumas regiões acumulou o equivalente a um ano de precipitação em apenas oito horas, causou inundações em cidades como Valência e Málaga. Muitos cidadãos encontraram-se “atrapalhados como ratos” em suas casas e automóveis, cercados por águas que subiam rapidamente. As autoridades temem que o número de vítimas possa aumentar à medida que os trabalhadores de resgate prosseguem a busca por dezenas de pessoas ainda desaparecidas.

Previsão de novas chuvas e consequências devastadoras

Com a previsão de mais chuvas torrenciais, o serviço meteorológico de Espanha emitiu uma série de alertas, incluindo os de nível mais severo, esta quinta-feira. A situação em Valência é particularmente crítica, após a passagem de uma Depressão Atmosférica de Níveis Altos (DANA), que resultou em grandes danos às infraestruturas rodoviárias e ferroviárias. O ministro dos Transportes, Óscar Puente, informou que a circulação de comboios de alta velocidade e em linhas locais deverá ser restabelecida apenas em duas a três semanas, na melhor das hipóteses. Embora os danos ao porto e ao aeroporto de Valência sejam mínimos, a interrupção das redes viárias e ferroviárias impede a distribuição de mercadorias para outras cidades, como Madrid e Barcelona. “As mercadorias que chegam ao porto e ao aeroporto de Valência não têm forma de seguir viagem,” sublinhou Puente, destacando as dificuldades enfrentadas para a recuperação das infraestruturas essenciais para a economia local e nacional.

Estradas e ferrovias gravemente afetadas

A paragem na linha de alta velocidade deve-se a danos críticos nos túneis de Chiva e Torrent. De acordo com Puente, no túnel de Chiva, a fundação cedeu ao longo de 1,2 quilómetros, com 300 metros em cada extremidade e outros 600 metros na parte interna. O túnel de Torrent apresenta cerca de dois quilómetros completamente inundados, exigindo intervenções complexas e demoradas.

Mais de 100 estradas, principalmente da rede secundária, sofreram danos significativos. Entre as vias principais afetadas estão a A-3, A-7 e AP-7, com cortes em diferentes trechos, incluindo as conexões com Alicante. Cidades como Picassent, La Alcudia, Requena e Buñol têm estradas locais intransitáveis. Na província de Castellón, várias estradas secundárias, como a CV-130, CV-137 e CV-148, também estão interditas, afetando localidades como Albocàsser e Càlig. A Direção-Geral de Tráfego (DGT) aconselhou a população a evitar todas as estradas na província de Valência, dadas as condições de segurança comprometidas.

A rede de cercanias, vital para a mobilidade regional, encontra-se praticamente inoperacional. Das cinco linhas principais, três (C1, C2 e C3) foram descritas pelo ministro como “desaparecidas,” com cerca de 80 quilómetros de ferrovia completamente destruídos. A reconstrução desta parte da rede deverá levar meses. “Não contaremos com estas linhas de cercanias no curto prazo,” enfatizou Puente, que acrescentou que as linhas C5 e C6, apesar de estarem operacionais, só serão ativadas quando as condições climáticas e de mobilidade o permitirem.

Embora ainda não exista uma estimativa oficial sobre o custo total dos danos provocados pela DANA, Puente alerta que os valores deverão ser extremamente elevados, dado o impacto na comunicação e nas infraestruturas logísticas. Para Valência, a situação não é apenas uma tragédia humana, mas também um golpe significativo na economia local, com perdas que podem chegar a centenas de milhões e uma urgente necessidade de reconstrução de infraestruturas essenciais. Este prolongado isolamento exige um esforço de recuperação complexo e célere, tendo em conta a relevância económica da região, especialmente em setores como o turismo e o transporte de mercadorias.

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