Falta preparação e investigação em Portugal para prevenir risco sísmico, alertam especialistas

Embora não se possa controlar a frequência com que ocorre um sismo, pode-se no entanto reduzir a vulnerabilidade: o abalo de 5.3 na escala de Richter sentido esta segunda-feira lembrou Portugal que está numa zona de risco elevado sísmico. “Este sismo mostra que estamos numa área com atividade sísmica e temos de ter muito cuidado com o cumprimento dos regulamentos e com a fiscalização”, refere Rita Bento, investigadora do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, citada pelo jornal ‘Público’.

“Estes sismos lembram-nos que vivemos em território de sismos. Para mim, como sismóloga, este sismo é totalmente expectável. Para um português que nunca sentiu um sismo, se calhar é inesperado”, sustenta Susana Custódio, sismóloga e investigadora no Instituto Dom Luiz.

“O sismo não mostra nada que estamos preparados. Só mostraria se tivéssemos um sismo de magnitude superior, com danos e houvesse a necessidade de socorrer pessoas — aí, íamos ver se estaríamos efetivamente preparados”, defende Rita Bento, contrariando o entusiasmo do Governo. “Este sismo não teve uma intensidade suficiente para pôr as construções à prova”, indica Susana Custódio.

As duas especialistas defendem que o investimento deve ser feito na fiscalização dos edifícios e na investigação científica. A preparação para os riscos sísmicos chega também do conhecimento do território geológico, algo que não temos. “Este sismo acontece num sítio onde não há uma falha mapeada como ativa neste momento”, frisa Susana Custódio, salientando que apesar dos avanços no mapeamento nas últimas décadas, ainda há um escasso conhecimento das “falhas ativas e do tipo de sismos que podem gerar”. O investimento em investigação, alerta, permitiria conhecer melhor a realidade geológica portuguesa e antever potenciais problemas.

O outro lado da moeda prende-se com a fiscalização dos edifícios: “Não é algo que podemos negligenciar”, refere Rita Bento, destacando que os espaços mais antigos e de grande aglomeração nas cidades são uma das maiores preocupações. “Nas nossas contruções, há uma quantidade significativa que não cumpre os requisitos que hoje conhecemos como os mínimos necessários para garantir a segurança das pessoas e das construções”, refere.

“Há uma melhoria substancial da nossa preparação, com a introdução de códigos de construção anti-sísmica e uma maior sensibilização a todos os níveis. Mas daí a dizer que estamos preparados há um intervalo muito significativo”, sublinha Manuel João Ribeiro, do Instituto Superior de Educação e Ciências, em Lisboa.

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