Setor retalhista e grossista da UE pode exigir investimento até 600 mil milhões de euros para enfrentar o futuro, conclui relatório

O EuroCommerce e a McKinsey & Company divulgaram esta terça-feira um relatório que prevê que, para alcançar a tripla transformação – a qual envolve a sustentabilidade, digitalização e competências e talentos –, o setor retalhista e grossista da União Europeia (UE) pode precisar de investir até 600 mil milhões de euros até 2030.

O relatório “Transforming the EU retail & wholesale sector” dá conta de que este valor é um montante adicional que, anualmente, pode ir até 1,6% das receitas, com o intuito de ajudar a responder à evolução das exigências dos consumidores, à descarbonização, e ao crescimento do comércio eletrónico.

Tendo em conta fatores como o aumento dos preços da energia, a inflação recorde, a pandemia, as perturbações na cadeia de abastecimento e a guerra na Ucrânia, muitas empresas do setor optam por adiar o investimento, para proteger a sua futura viabilidade económica, mas o relatório aponta a necessidade de encontrar formas de transformar o setor, equilibrando os objetivos de curto e longo prazo.

Especificamente sobre a tripla transformação, o estudo evidencia, em detalhe, os investimentos que o setor deve fazer até 2030:

– Sustentabilidade: deve investir até 335 mil milhões de euros para diminuir o impacto da volatilidade dos preços da energia, promover e avançar com a sustentabilidade nas suas cadeias de valor, tanto para assegurar o cumprimento da regulamentação como para se diferenciarem enquanto primeiros agentes a dar resposta à crescente procura dos consumidores por escolhas sustentáveis.

– Transformação digital: investimento de até 230 mil milhões de euros para permitir ao setor evoluir para uma indústria verdadeiramente omnicanal, que proporcione uma experiência contínua aos clientes. Além disso, este investimento permitiria impulsionar a automatização em toda a cadeia de valor, apostar em advanced analytics para impulsionar o crescimento e a eficiência operacional, e modernizar as TI.

– Competências e talentos: investimento adicional até 35 mil milhões de euros ajudaria a expandir os programas de formação e apoiar a evolução de competências e funções que permitirá acompanhar as outras duas transformações.

Apesar de serem investimentos que, se forem feitos, aumentam a resiliência do setor, apoiam os esforços europeus de descarbonização, e desbloqueiam novas oportunidades de negócio para além do retalho tradicional, é preciso apoio.

“Na atual crise, o desafio global para o setor retalhista e grossista é ser reconhecido pelos decisores políticos como um setor que presta um serviço essencial a todos os cidadãos e emprego significativo, e que sustenta as comunidades locais. Para continuar a fazê-lo, retalhistas e grossistas de todas as dimensões irão necessitar de apoio para realizar os grandes investimentos que este relatório identifica”, diz Juan Manuel Morales, Presidente do EuroCommerce.

Já Ana Paula Guimarães, sócia da McKinsey & Company, explica que “este relatório apresenta análises e potenciais caminhos que se destinam a responder às necessidades de 5 milhões de empresas registadas na UE, abrangendo todos os modelos empresariais, a maioria dos subsetores da indústria e empresas de todas as dimensões, com ações necessárias que diferem entre grandes empresas e PMEs. A tripla transformação é um enorme desafio para o setor, mas também uma enorme oportunidade para todos – retalhistas e grossistas, UE e clientes. Pode gerar um crescimento mais rápido, mais ecológico e mais produtivo, com uma oferta mais ampla e mais conveniente para os clientes”.

O relatório em questão analisou 24 empresas, incluindo alguns dos maiores retalhistas e grossistas dos vários subsetores na UE, associações comerciais nacionais e mais de 100 PMEs.

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