Setor da saúde é o mais afetado: trabalhadores da Administração Pública cumprem hoje segundo dia de greve

Decorre esta sexta-feira o segundo dia da greve para a Administração Pública Central, Regional e Local, convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Serviços e de Entidades com Fins Públicos (STTS). Os trabalhadores reivindicam da Administração Pública “uma negociação séria sobre as carreiras e sobre o Sistema de Avaliação do Desempenho (SIADAP)”.

A greve teve início à meia-noite desta quinta-feira e termina hoje, às 23h59. E se o primeiro dia registou números de adesão muito acima do expectáveis, hoje promete ser ainda mais concorrido, contou à ‘Executive Digest’ Catarina Magalhães, responsável sindical da STTS.

“Houve uma adesão à greve de entre 75 e 77%” na ULS de Santa Maria da Feira, relata. “É expectável que esta sexta-feira a adesão seja ainda maior, uma vez que muitas pessoas estavam desinformadas”, aponta.

“Tivemos uma adesão muito acima do esperado. Esta é uma luta complicada, são situações que já saíram em decreto de lei para serem atualizadas em janeiro último, mas estamos em junho e nada. Cada direção de hospital faz o que entende. As pessoas estão a ficar revoltadas”, confessa.

“No geral a adesão rondou os 70% no território nacional e a nível de ilhas rondou os 40%. Isto porque, infelizmente, houve complicações com as entidades – das ilhas, mais propriamente nos Açores, mas não só, também na ULS de Coimbra) a coagir e a chantagear os colaboradores para trabalharem”, sublinha, garantindo que a “situação já foi reportada à DGERT [Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho] para que averiguem o que se passou e tomem as devidas medidas”.

Por último, refere Catarina Magalhães, para esta sexta-feira “estamos confiantes de que a adesão será ainda maior pois os funcionários estão devidamente informados neste momento, já poucas ou nenhumas dúvidas restam e, assim sendo, o receio de estarem a cometer ilegalidade aquando do exercício de direito a esta greve está praticamente extinto. Prevê-se que em alguns locais as adesões sejam de 100%”, conclui.

Também Bárbara Ribeiro, responsável sindical na zona do Porto, salienta que no Hospital de São João, no Porto, o “bloco operatório só funcionou com serviços mínimos, com apenas 3 das 11 salas abertas”. As análises clínicas também foram severamente afetadas, “com os técnicos em greve com um impacto bastante sentido”. Para esta sexta-feira, revela, “estamos a contar com um impacto maior e uma adesão muito perto dos 100%”.

Os trabalhadores reivindicam “uma negociação séria sobre as carreiras e sobre o Sistema de Avaliação do Desempenho (SIADAP)”. Em comunicado, o sindicato alerta que “o Governo não pode continuar a tratar os trabalhadores com ‘esmolas’, quando todas as carreiras necessitam de uma revisão de alto a baixo, a começar pela indexação do salário às funções efetivamente exercidas pelos trabalhadores e não pela categoria de que são detentores”.

“Bastaram dois anos e meio para demonstrar a Lei nº 12-A/2008, de 27/02, que conduziu à criação das carreiras gerais (Assistente Operacional, Assistente Técnico e Técnico Superior) foi um erro clamoroso, juntando ‘alhos e bugalhos’ na mesma categoria”, indica o sindicato, frisando que “a todos pagando a mesma remuneração, fosse um Cantoneiro de Limpeza, um Motorista de Pesados, um Auxiliar de Ação Educativa ou um Auxiliar de Ação Médica (categoria de Assistente Operacional), um Assistente Administrativo, um Desenhador, um Medidor Orçamentista ou um Agente Técnico de Arquitetura e Engenharia (categoria de Assistente Técnico), um Técnico Superior da área de Engenharia Civil com experiência e provas dadas e um Técnico Superior da mesma área recém-licenciado e recém-admitido na Administração Pública”.

“Por mais dignas que sejam todas as profissões, atividades, áreas funcionais da Administração Pública, tem de existir uma diferenciação salarial substancial entre um Cantoneiro de Limpeza, que apenas necessita da escolaridade obrigatória, um Motorista de Pesados, um Eletricista, um Mecânico, um Auxiliar de Ação Médica ou um Auxiliar de Ação Educativa. E deve suceder o mesmo com a carreira de Assistente Técnico e de Técnico Superior”, conclui.

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