Sete mitos sobre a guerra da Rússia na Ucrânia

Apesar de toda a crueldade e ódio desencadeados pelo regime do presidente russo Vladimir Putin, a Ucrânia continua a resistir ao agressor e mostra-se pronta para lutar até à vitória.

Quando a invasão à Ucrânia teve início, no dia 24 de fevereiro de 2022, muitos duvidaram das tropas ucranianas e do líder do país Volodymyr Zelensky, sugerindo que em dias, no máximo semanas, a Rússia tomaria Kiev.

No entanto, a maior parte dos que inicialmente defenderam a Rússia, estão agora a considerar “planos de paz”, incitando a Ucrânia a aceitar integridade territorial em troca do acordo da Rússia para pôr fim à guerra. Porém, esta iniciativa baseia-se apenas em mitos que poderão nunca se tornar realidade, segundo o Politico.

Primeiro mito: a Ucrânia é incapaz de recuperar os seus territórios

A Ucrânia já arrasou essa reivindicação ao retomar território do controlo da Rússia, desde os arredores de Kiev até Kharkiv e Kherson. Os ucranianos não só têm vontade de lutar como uma estratégia eficaz para reclamar o que lhes pertence, porém, a falta de agilidade do apoio ocidental tem dificultado a sua capacidade de agir mais rapidamente, acabando por aumentar o número de vítimas mortais.

Mais armas, mais munições, mais treino é o caminho certo para uma restauração completa do território da Ucrânia, mas é necessária uma estratégia a longo prazo que permita à Ucrânia expulsar completamente a Rússia para fora das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas.

Segundo mito: a Rússia é imbatível

Apesar do desrespeito da Rússia pela vida humana, a sua imprudente contagem de corpos ainda não consegue colmatar a lacuna de capacidades. As tropas ucranianas têm uma moral elevada, comandantes competentes e acesso a tecnologia amplamente superior.

Outra realidade é a de que o Ocidente ainda não disponibilizou todas as suas capacidades militares. O PIB nominal nórdico báltico combinado é, só por si, superior ao da Rússia, e são factos como este que a estratégia do Ocidente se deve basear, sendo a mentalidade, determinação e vontade política fundamentais neste conflito.

Terceiro mito: a Rússia vai ficar exausta e vai querer estabelecer-se

Putin não está preparado para se contentar com uma paz honesta e duradoura. Tal como em 2008 e 2014, esta última guerra é alimentada pelo revanchismo russo e quando os parceiros ocidentais idealizam uma possível resolução ou o congelamento do conflito, Moscovo vê-o não como uma rampa de lançamento, mas como um sinal de cansaço ocidental.

Em vez de aproximar a paz, continuar a colocar em cima da mesa uma negociação para o fim da guerra apenas amplifica o seu custo para a Ucrânia e para os aliados. Por conseguinte, esta guerra terá de ser ‘resolvida’ no campo de batalha, dado que qualquer acordo que proporcione ganhos reais ou percetíveis para a Rússia seria o início da próxima fase da guerra.

Quarto mito: a Crimeia é uma linha vermelha para Putin

Putin tem conhecimento de que o Ocidente leva as suas ameaças a sério, como tal vai desenhando repetidamente novas linhas vermelhas, o que limita a velocidade da tomada de decisões dos Estados membros na NATO. As fronteiras internacionalmente acordadas podem ser a única linha vermelha, o que atribui a Crimeia à Ucrânia.

Quinto mito: continuará a haver uma Rússia liderada por Putin após a guerra

O presidente russo conta com a ideia de que “a Rússia ainda lá estará” após a guerra e, assim, vai conseguir planear um regresso aos negócios. Contudo, nada indica que se Putin sair vitorioso o comércio que existia antes da invasão volte a ser como antes.

A derrota da Rússia não deve ser encarada como uma ameaça, mas como uma oportunidade de construir um país diferente e transformado que não volte a ameaçar os territórios vizinhos. Em vez de existir um receio da transformação do país, é importante recordar que, embora tenham passado 30 anos, a desintegração da União Soviética ainda não está completa e nunca estará até que a mentalidade em Moscovo tenha mudado.

Sexto mito: todas as guerras terminam com negociações

No fim da Segunda Guerra Mundial, os países europeus não recuperaram os seus territórios após o alcance diplomático com o regime nazi. Nada garante que um acordo de cessar-fogo com a Rússia traria verdadeiramente uma paz sustentável, correndo-se sempre o risco de o presidente russo voltar a atacar.

O Memorando de Budapeste de 1994, que assegurou à Ucrânia segurança em troca da renúncia ao seu arsenal nuclear, também se revelou uma falsa promessa, uma das razões pelas quais a Rússia tem agora de ser derrotada militarmente em vez de receber convites para uma negociação de paz.

Sétimo mito: os Países Bálticos e a Polónia só querem vingança contra a Rússia

A guerra contra a Ucrânia é alimentada pelo ressentimento da Rússia em relação ao colapso da União Soviética, sendo a agenda imperialista vingativa da Rússia um desafio existencial não só para a Ucrânia, mas para todos os Estados fronteiriços.

Tal como a Ucrânia, também os Países Bálticos e a Polónia querem uma paz justa e duradoura, no entanto defendem que se o país invadido for for obrigado a estabelecer-se, não trará nem justiça nem paz. Assumem a vitória de Zelesnky como a sua assim como a segurança ucraniana, acreditando que só a vitória impedirá Putin de atacar de novo.

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