Semana fez-se de um mercado fragmentado numa recuperação a dois ritmos
Animados com o apoio dos bancos centrais e medidas governamentais a nível mundial, o sentimento é de otimismo com a recuperação da economia. A semana fica mesmo marcada pelo registo positivo de vários índices que já recuperaram para perto dos níveis pré-COVID.
No entanto, na altura de comprar, os investidores parecem estar mais criteriosos do que nunca, gerando uma fragmentação ou recuperação a dois ritmos no mercado. Ativos normalmente correlacionados negoceiam agora com um maior spread, e tal pode ser uma oportunidade nas próximas semanas.
O sector tecnológico teve a recuperação mais forte até ao momento – basta ver que esta semana, no fecho de quinta-feira, o Nasdaq estava a poucos dólares do máximo histórico enquanto que o Dow Jones ou Russel 2000 ainda seguem a recuperar com um declive mais linear.
Mesmo entre as tecnológicas, a performance dos títulos mais proeminentes, as FAANG (Facebook, Amazon, Apple, Netflix e Google (Alphabet)), destacam-se pela positiva, fator que realça uma maior procura por ativos com enorme liquidez, e que, teoricamente, têm maior capacidade para lidar e adaptar o negócio a um cenário de crise.
A nível mundial, a disparidade é ainda maior; os principais critérios têm sido o impacto do vírus no país, as medidas de apoio governamental e a atividade dos bancos centrais. Destaco na Europa o DAX (índice alemão) que nas últimas semanas tem ganho terreno com muito mais força do que o IBEX (índice espanhol), que segue a negociar muito longe dos níveis pré-COVID.
A fragmentação pode evoluir para uma oportunidade. Em sobrecompra, ou zona de máximos, é cada vez mais difícil encontrar compradores, significando isto que nas próximas semanas a procura por valor pode levar os investidores a olhar para este segundo escalão de ativos. Evidentemente, a evolução da pandemia é chave. Uma evolução negativa e o medo tornam as divergências ainda maiores, enquanto que uma evolução positiva terá impacto no sentimento.
As perspetivas para a próxima semana são de que outros índices possam seguir a tendência do NASDAQ e negociar a níveis pré-COVID, até porque os dados do NFP tiveram duas componentes melhor que o esperado, criação de emprego quando se previa diminuição, e a taxa de desemprego não só mais baixa do que o esperado mas igualmente menor que na última leitura, isto mostra que o pior pode estar para trás.
#Eduardo Silva, Analista da XTB