Semana à lupa: Dos mercados à economia – e outras coisas que precisa de saber

Antevisão

Na semana que terminou, assistimos a movimentos altistas no mercado de obrigações americano, com o mercado a ignorar os eventos que tinham levado as yields a subir anteriormente. Em primeiro lugar, Bullard da Fed disse que se deveria começar a discutir a redução gradual dos estímulos quando 75% da população for vacinada, o que seguindo a tendência atual deverá acontecer durante o início do verão. Em segundo lugar, o IPC foi ligeiramente superior ao esperado. Em terceiro lugar, as vendas a retalho subiram 9,8% no mês de março, superando facilmente a previsão de 5,9% do mercado, o valor mais alto desde maio do ano passado, e os pedidos semanais de subsídio de desemprego caíram acentuadamente. Por último, houve uma emissão recorde de títulos do tesouro este mês, um total de 370 biliões de dólares em apenas três semanas,

Reunião do BCE

Um dos principais eventos da semana acontecerá na quinta-feira com a reunião do BCE. O BCE deverá mostrar-se mais tolerante com as yields de longo prazo mais altas, à medida que a recuperação acelera no início do verão. Recentemente, o BCE insinuou repetidamente que é melhor a prever o futuro do que o mercado. Não esperamos novos sinais do BCE na quinta-feira. Tomando em consideração as semanas mais curtas por causa da Páscoa, as compras semanais do PEPP parecem ter aumentado para 20 mil milhões de euros. Não foi um aumento massivo como anteriormente, mas dado que as yields lateralizaram a nível global recentemente, o aumento das yields na zona euro também foi moderado. Ao mesmo tempo, o euro valorizou um pouco em abril, o que significou condições financeiras um pouco mais restritivas.

A próxima semana

Além da reunião do BCE na quinta-feira, o foco dos investidores será principalmente nos PMIs flash na sexta-feira e nos números das vendas de casas nos EUA. O PMI composite da zona euro  deverá continuar em alta no mês de Abril, apesar da terceira vaga da pandemia do COVID-19. Se os dados continuarem a surpreender pela positiva, continuamos a ter os ingredientes reunidos para a continuação das subidas nos índices acionistas. No que respeita ao mercado imobiliário dos EUA, começa a notar-se algum abrandamento do mesmo. As taxas mais altas dos créditos à habitação devem começar a afetar os números das vendas de casas anteriormente elevadíssimas. O número de pedidos de hipotecas têm apresentado uma tendência de queda em 2021 e geralmente são um indicador importante de confiança para as vendas. Dito isso, as vendas de casas existentes e especialmente as novas caíram muito em fevereiro, pelo que será possível uma recuperação antes que a tendência de queda nos números de vendas de casas seja retomada.

Nuno Mello, analista XTB

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