Sem água ou refeições, turnos de 14 horas e falta de contrato: Jovens queixam-se de “ilegalidades” e “trabalho abusivo” na JMJ

Turnos de 14 horas de trabalho, calor abrasador, falta de água ou comido, pagamento acordado por cumprir ou falta de contrato: são estas algumas das queixas que vários jovens, que trabalharam nos quiosques-bar e da venda ambulante de bebidas no Parque Tejo, na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) se queixam.

A exploração do espaço foi concessionada à empresa Galáxia Gulosa, pela organização da JMJ, sendo que esta recusa as acusações.

Os jovens trabalhadores asseguram ao Jornal de Notícias que vão fazer queixa à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), reclamando “trabalho abusivo” e por fugir ao que prometeu.

Inês Monteiro, uma das jovens afetadas, diz que foi proposto “um valor base de 150 euros mais comissões”, para trabalho “dentro de bares protegidos do calor, com quatro refeições e água gratuitas e um espaço para descansar”. Depois as regras mudaram e passaram a ter de fazer venda ambulante, e ganhar 40 cêntimos por garrafa vendida.

“Desmaiei três vezes e eu e o meu namorado trouxemos 15 euros para casa cada um, mas houve pessoas que não levaram nada”, relata, denunciando também casos de credenciais falsas que eram atrubuídas a estes trabalhadores, atrasos e água quente para vender aos clientes.

Em comunicado, o Sindicato da Hotelaria do Sul dá conta de várias denúncias que assinalam que não foi “respeitado o limite máximo diário de trabalho, tendo estes trabalhadores informado do cumprimento de jornadas de trabalho diárias superiores a 14 horas, além de não ter sido respeitado o período de descanso entre turnos legalmente estabelecido em 11 horas de descanso obrigatórias”.

Também é destacado que não havia “qualquer forma de vínculo laboral, nomeadamente, um contrato de trabalho, entre os trabalhadores contratados e a empresa Galáxia Gulosa”, manifestando-se surpresa por um evento com o apoio do Estado não olhar ao cumprimento da legislação laboral.

“Toda a organização dos trabalhadores, incluindo horários, remuneração, períodos de descanso e condições de trabalho são da exclusiva responsabilidade do cessionário, a sociedade Breakevents”, indica o advogado da Galáxia Gulosa, que assegura que a empresa cumpre “sempre todas as normas em vigor”.

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