“Sejam mais unidos e tomem decisões mais rapidamente. Os acontecimentos não esperam por vocês”: Borrell deixa derradeiro conselho antes de terminar mandato na UE
Josep Borrell, o principal diplomata da União Europeia, apelou a uma maior unidade e celeridade na tomada de decisões do bloco, numa altura em que se prepara para o fim do seu mandato de cinco anos como Alto Representante para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança.
“Se não forem unidos, não conseguem demonstrar poder… Não podem pretender ser uma potência geopolítica se demoram semanas e meses para agir”, afirmou o diplomata espanhol aos jornalistas antes de presidir à sua última reunião do Conselho de Negócios Estrangeiros, em Bruxelas.
Borrell alertou os seus colegas para a necessidade de acompanharem o ritmo dos acontecimentos no cenário global: “O meu último apelo aos colegas: sejam mais unidos e tomem decisões mais rapidamente. Os acontecimentos não esperam por vocês.”
As declarações surgem num momento em que a União Europeia enfrenta múltiplos desafios globais, como o possível regresso de Donald Trump à Casa Branca, a intensificação da guerra da Rússia contra a Ucrânia e a escalada do conflito no Médio Oriente.
Borrell recordou ainda a sua mensagem inicial ao assumir o cargo em 2019: “No início do meu mandato, disse que tínhamos de aprender a usar a linguagem do poder.” No entanto, reforçou que o uso dessa linguagem depende de uma União Europeia coesa: “Para usar a linguagem do poder, têm de estar unidos.”
No seu último Conselho de Negócios Estrangeiros, Borrell apresentou uma proposta que prevê penalizações a Israel pela sua atuação no conflito contra o Hamas e o Hezbollah em Gaza e no Líbano. Esta iniciativa reflete a posição de Borrell sobre a necessidade de a União Europeia adotar uma abordagem mais ativa e influente em crises internacionais.
Josep Borrell será sucedido por Kaja Kallas, ex-primeira-ministra da Estónia, que aguarda a confirmação oficial do Parlamento Europeu. A transição marca uma nova fase para a política externa europeia, com expectativas de que a nova liderança continue a promover a união e a eficiência na resposta aos desafios geopolíticos.
Com este apelo final, Borrell deixa clara a sua visão sobre o papel da União Europeia no mundo: um bloco que, para ser levado a sério como ator global, precisa de agir de forma rápida e decisiva, mantendo a unidade como pedra angular das suas ações.